“Sem música não há amor”,
diz a frase que inicia o filme. Quem o disse? Não sabemos.
Um homem e uma mulher que
se apaixonam, escutam uma música especial, só deles, diz o
narrador.
E, acreditando nisso, um
compositor vive a primeira das histórias de “A Arte de Amar”, buscando
freneticamente ouvir tal melodia e ironicamente, conseguindo isso quando
sózinho, caminha por uma floresta, se sabendo muito doente...
Eu arriscaria dizer que o
nosso compositor apaixonou-se finalmente pela vida, que lhe escapava e que agora
ele percebia que fora sempre tão preciosa. Sem amor à vida como pedir música e
amor?
E, com essa reflexão
importante, tem início “A Arte de Amar”, filme que vai contar pequenas histórias
amorosas com conselhos à maneira de Ovidio (43AC-17DC), poeta romano do qual o
filme rouba o titulo.
Ele escreveu seus três
livros, que denominou “Ars Amandi”, em 1AC. Eram conselhos para que os homens e
as mulheres exercessem a arte da sedução e da conquista. O livro foi causa de
escândalo e expulsão do poeta de Roma pelo Imperador Augusto.
Os tempos e os costumes
mudaram mas, assim como Ovidio, o diretor e roteirista Emmanuel Mouret, não quer
nos ensinar o amor, já que esse sentimento é tão complexo e imprevisível quanto
natural, mas aconselhar com bom humor sobre o modo de amar, para fazer disso uma
arte.
E tudo pontuado por
música clássica de qualidade mas acessível a ouvidos menos
experimentados.
Assim, sempre em ritmo e
espírito de farsa, cada história começa com uma frase alusiva à circunstância
amorosa especial daquelas pessoas: “ Não é bom recusar o que nos é oferecido”,
“O desejo é inconstante como as folhas ao vento”, “É difícil dar de si como
gostaríamos”, “Sem perigo, o prazer é menos intenso”, “Paciência”, “Assegure-se de que as infidelidades não
sejam descobertas”, “Paciência mas não muita”, “Frequentemente os olhos nos
levam ao amor mas, às vezes, eles nos enganam”.
O diretor e roteirista
também atua, fazendo o papel de um homem que quer se encontrar com uma moça
casada, só uma vez, para guardar essa lembrança como a mais bela de sua vida,
antes de partir para sempre para o Brasil.
Histórias saborosas à
maneira francesa tradicional de fazer as coisas, isto é, bons atores (o mais
conhecido é François Cluzet de “Intocáveis”), diálogos bem escritos e a
preocupação de que os lugares escolhidos como cenários sejam belos e artísticos,
sem pretensão, fazem de “A Arte de Amar” um bom programa para quem gosta de
palavras, bela música e situações que nunca descambam para o voyeurístico ou o
escabroso.
Uma comédia de costumes
tradicional para pessoas com um senso de humor apurado.
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