Direção: Sam
Mendes
O último James Bond é de
encher os olhos. Há cenas mirabolantes de embates corpo a corpo no teto de um
trem em movimento e dentro de um rio gelado, tiroteios e tocaias em galerias
subterrâneas e destruições magníficas pontuando a ação no metrô de Londres, numa
casa na Escócia e na própria sede do MI6, organização da inteligência britânica
à qual pertence o agente 007.
Aliás o início do filme em
Istambul, uma perseguição maluca de moto nos telhados do Grand Bazar, já é uma
amostra do que vem a seguir.
Sam Mendes é o premiado
diretor de “Beleza Americana” que assina o 23º filme do 007, criação de Ian
Fleming que tem 50 anos na tela do cinema, desde 1962, o primeiro James Bond, “O
Satânico Doutor No”.
A ação é filmada num ritmo
vertiginoso e cenas belíssimas acontecem em Shanghai, Istambul, Londres e
Escócia. Fica difícil escolher a mais bonita mas voltam na memória a água-viva
azul gigante projetada nos vidros do prédio em Shanghai, a chegada ao cassino
com o rio decorado com velas e dragões chineses, o sensual banho a dois, a queda
na água do rio, a paisagem escocesa em tons frios e a casa de pedra majestosa no
meio do pântano deserto e, claro a abertura do filme que é um capitulo à
parte.
Mas, dessa vez, quem está
no centro da história é Judi Dench, a M, chefe de 007. Ela vai ter que pensar em
seus pecados, diz a tela do seu computador, invadido por hackers que acessam a
lista com os nomes de todos os agentes infiltrados em organizações terroristas.
O posto de M está por um fio.
E o ponto alto, aquele que
rouba todas as cenas em que aparece, é o novo vilão, na pele de Javier Bardem,
de cabelo e sobrancelhas tingidos de um tom de louro vulgar, modos afetados e
roupas de gigolô. Odeia e ama M, dono de uma personalidade psicopática que clama
por vingança.
Aliás é a primeira vez que
características psicológicas dos personagens são exploradas. Assim, M é fria
como sempre mas oculta mal seu lado materno quando se preocupa por Bond. Ele,
interpretado por Daniel Craig, sente dores, erra alvos, não passa nos testes do
MI6 e precisa que M esconda esses resultados negativos. Ou seja, estão
envelhecendo.
O tema que aparece então
nas entrelinhas é o novo contra o velho. O mundo que mudou, a tecnologia que
substitue o ser humano. E a pergunta é agentes como 007 são ainda necessários?
Esse é o desafio para M e Bond.
O trio que escreveu o
roteiro (Neal Purvis,Robert Wade e John Logan) inova inclusive no fator “Bond
Girl”. Parece que 007 está menos interessado em mulheres, apesar da agente Eve que reserva uma surpresa para Bond, quando conta a ele seu
sobrenome. Quem tem boa memória vai se lembrar de uma certa secretária sexy dos
tempos de James Bond.
O final traz para o
espectador revelações sobre o passado de James Bond e cria um papel especial
para Albert Finney, que faz o velho guarda-caça com seu antigo método de se
livrar de inimigos.
Um filme de ação que pode
agradar mesmo a quem não aprecia o gênero, porque tem mais, muito mais do que
apenas tiros e correrias.
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