quarta-feira, 17 de outubro de 2012

E Se Vivêssemos Todos Juntos?



“E Se Vivêssemos Todos Juntos?” – “Et Si on Vivait Tous Ensemble?”, França/Alemanha 2011
Direção: Stéphane Robelin


É difícil envelhecer... Vemos isso nas primeiras cenas do filme que vai mostrar a vida de cinco pessoas com mais de setenta anos, amigos há quarenta.
Num belo dia de sol, Annie (Geraldine Chaplin) e Jean (Guy Bedos) estão no jardim de sua casa nos arredores de Paris. Ela faz um álbum de fotos com olhar nostálgico. Ele escuta o rádio que fala da crise financeira na Europa.
Por sua vez, Albert (Pierre Richard), que mostra sinais de demência senil, pergunta à sua mulher Jeannie (Jane Fonda, em ótima forma):
-“Será que eu levei o cachorro para passear? Bem, devo ter levado, porque senão ele estaria reclamando.”
Enquanto isso, Jeannie rasga e joga no lixo exames médicos. Tem o rosto crispado.
Em outro lugar,um senhor de cabelos brancos e cheio de vitalidade, Claude (Claude Rich), revela com cuidado fotos de uma mulher com belos seios. Ele os admira, embevecido.
E lá está Jeannie conversando com um agente funerário, diante de caixões fúnebres empilhados:
“- Procuro algo mais claro... Não tem cores menos clássicas? Será que por encomenda dá para ter cores mais diferentes?”
“- É para quando minha senhora?”, pergunta o circunspecto senhor.
“- Não posso dizer exatamente...” responde Jeannie.
Outro dia, em seu aniversário de 75 anos, Claude confidencia aos amigos que o filho se mete demais em sua vida:
“- Isso não pode, aquilo também não, o Vovô fez isso e morreu...Ulalá...”exclama aborrecido.
“- Se vivêssemos todos juntos, não teríamos esse tipo de problemas,” retruca Jean, entre o parabéns e a champanhe.
E quando Claude sofre um ataque cardíaco, subindo a escada atrás de uma sedutora silhueta feminina, seu filho decide colocá-lo definitivamente num asilo.
É o estopim para o grupo de amigos resgatá-lo e fugir com ele em uma cadeira de rodas.
Todos se abrigam na bela casa de Annie e Jean, que ela herdou dos pais. Inclusive o cachorro de Albert.
E aí começa uma convivência nem sempre afinada mas com muitos momentos de amizade verdadeira e solidariedade. E muito humor.
O jovem Daniel Bruhl que era o passeador do cachorro, passa a cuidador e vai também viver na casa. Suas cenas com Jane Fonda são a oportunidade para ela mostrar inteligência e espontaneidade.
Dias de passeios a pé, noites com um bom vinho e o jantar entre risadas, somam-se a momentos de lembranças compartilhadas e até segredos incômodos revelados.
Há uma urgência em viver o presente e estar entre os amigos, que se apoiam mutuamente. Todos caminham para o mesmo fim e sabem disso. O que não impede de viver com gosto os dias que restam.
O diretor e roteirista Stéphane Robelin capta expressões e olhares, como se fosse um cúmplice de seus atores, todos excelentes, desempenhando seus papéis com desenvoltura e graça. Acabam nos envolvendo com seus problemas e dificuldades, sem tragédia.
É difícil envelhecer? Sim, confirma “E Se Vivêssemos Todos Juntos?” e acrescenta que esse é o preço a pagar para quem gosta de viver. 

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