Direção: Stéphane
Robelin
É difícil envelhecer... Vemos isso nas primeiras cenas do filme que vai mostrar a vida de cinco pessoas com mais de setenta anos, amigos há quarenta.
Num belo dia de sol,
Annie (Geraldine Chaplin) e Jean (Guy Bedos) estão no jardim de sua casa nos
arredores de Paris. Ela faz um álbum de fotos com olhar nostálgico. Ele escuta o
rádio que fala da crise financeira na Europa.
Por sua vez, Albert
(Pierre Richard), que mostra sinais de demência senil, pergunta à sua mulher
Jeannie (Jane Fonda, em ótima forma):
-“Será que eu levei o
cachorro para passear? Bem, devo ter levado, porque senão ele estaria
reclamando.”
Enquanto isso, Jeannie
rasga e joga no lixo exames médicos. Tem o rosto crispado.
Em outro lugar,um senhor
de cabelos brancos e cheio de vitalidade, Claude (Claude Rich), revela com
cuidado fotos de uma mulher com belos seios. Ele os admira,
embevecido.
E lá está Jeannie
conversando com um agente funerário, diante de caixões fúnebres
empilhados:
“- Procuro algo mais
claro... Não tem cores menos clássicas? Será que por encomenda dá para ter cores
mais diferentes?”
“- É para quando minha
senhora?”, pergunta o circunspecto senhor.
“- Não posso dizer
exatamente...” responde Jeannie.
Outro dia, em seu
aniversário de 75 anos, Claude confidencia aos amigos que o filho se mete demais
em sua vida:
“- Isso não pode, aquilo
também não, o Vovô fez isso e morreu...Ulalá...”exclama
aborrecido.
“- Se vivêssemos todos
juntos, não teríamos esse tipo de problemas,” retruca Jean, entre o parabéns e a
champanhe.
E quando Claude sofre um
ataque cardíaco, subindo a escada atrás de uma sedutora silhueta feminina, seu
filho decide colocá-lo definitivamente num asilo.
É o estopim para o grupo
de amigos resgatá-lo e fugir com ele em uma cadeira de rodas.
Todos se abrigam na bela
casa de Annie e Jean, que ela herdou dos pais. Inclusive o cachorro de
Albert.
E aí começa uma
convivência nem sempre afinada mas com muitos momentos de amizade verdadeira e
solidariedade. E muito humor.
O jovem Daniel Bruhl que
era o passeador do cachorro, passa a cuidador e vai também viver na casa. Suas
cenas com Jane Fonda são a oportunidade para ela mostrar inteligência e
espontaneidade.
Dias de passeios a pé,
noites com um bom vinho e o jantar entre risadas, somam-se a momentos de
lembranças compartilhadas e até segredos incômodos revelados.
Há uma urgência em viver
o presente e estar entre os amigos, que se apoiam mutuamente. Todos caminham
para o mesmo fim e sabem disso. O que não impede de viver com gosto os dias que
restam.
O diretor e roteirista
Stéphane Robelin capta expressões e olhares, como se fosse um cúmplice de seus
atores, todos excelentes, desempenhando seus papéis com desenvoltura e graça.
Acabam nos envolvendo com seus problemas e dificuldades, sem
tragédia.
É difícil envelhecer?
Sim, confirma “E Se Vivêssemos Todos Juntos?” e acrescenta que esse é o preço a
pagar para quem gosta de viver.
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