domingo, 21 de outubro de 2012

Moonrise Kingdom




“Moonrise Kingdom”- Idem, Estados Unidos 2012
Direção: Wes Anderson


Para alguns de nós, a infância é um paraíso perdido... Para outros é o contrário. Crianças que queriam crescer logo e parar de obedecer aos adultos ou pior, sofrer nas mãos deles.
Mas ninguém esquece que, na infância, brincávamos de ser gente grande.
Quando “Moonrise Kingdom” começa, já dá para perceber que tudo vai ser muito diferente do habitual.
Por exemplo, a casa da família Bishop, parece ser uma casa de bonecas, sem a quarta parede. Entramos nela e tudo faz lembrar aqueles móveis minúsculos com que as meninas decoravam suas casinhas de brinquedo. E ela é vermelha, bem berrante.
Aliás, todas as cores do filme são intensas, uma alusão, quem sabe, às emoções infantis que são como que vulcões pré-históricos.
Tudo lembra os nossos 12 anos. Assim, os mapas da ilha de New Penzance, onde se passa a história, lembram os de Tom Sawyer, os de Peter Pan e as aventuras de piratas e tesouros escondidos.
“Moonrise Kingdom” é um filme para adultos que vê o mundo com esses olhos infantis, que ainda vivem dentro de nós e que reaparecem às vezes, para nos mostrar outras perspectivas.
O diretor Wes Anderson faz uso desse olhar infantil que recria o mundo à sua semelhança e nos reconforta. Em suas próprias palavras, numa entrevista a Luiz Carlos Merten:
“A coisa mais interessante de “Moonrise Kingdom”, para mim, é que os jovens, mesmo sem sabedoria, têm uma visão mais clara dos seus desejos e da forma de concretizá-los. Adultos tendem a ser complicados.”
E os adultos complicados do filme são interpretados por atores consagrados como Bill Murray (o pai), Frances McDormand (a mãe), Tilda Swinton (a assistente social), Bruce Willis (o policial), Edward Norton (o chefe dos escoteiros).
À medida que o filme transcorre, nossas lembranças afetivas da infância, afloram. E embarcamos nelas.
O amor pré-adolescente de Suzy Bishop (Kara Hayward), que tem 12 anos e se considera incompreendida pela família da casa vermelha e de Sam (Jared Gilman), o escoteiro órfão, alma gêmea de Suzy, toca o nosso coração em um lugar onde moram as injustiças que sofremos durante a vida.
E torcemos por eles, para que inaugurem um novo reino sob o signo do amor e da compreensão mútua: o Reino do Nascer da Lua.
A trilha sonora usa lindamente temas de Benjamin Britten e outros.
E não saiam correndo porque vão perder o roteiro que Britten escreveu para se entender como funciona uma orquestra, que acompanha os créditos finais. Uma alusão direta ao trabalho de cada um no mundo.
Se tocarmos todos juntos e se entrarmos na hora certa com o nosso pedaço da melodia, a beleza vai acontecer.
Estranho e familiar, assim é o novo filme de Wes Anderson, que gosta de surpreender.

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