Direção: Jonathan Dayton
e Valerie Faris
Pois essa é a brincadeira
de “Ruby Sparks”, filme surpreendente e encantador que, apesar de só falar de
amor, em nenhum momento cede ao lugar comum ou ao romance
açucarado.
Calvin (Paul Dano), um
jovem escritor talentoso, está em pleno bloqueio criativo. Não consegue escrever
nem uma linha, apesar da pressão do seu agente.
Angustiado, essa é a
principal queixa que ele leva para suas sessões de terapia com o dr Rosenthal
(Elliot Gould).
Sua única diversão é
levar o cão Scott para passear, na esperança de encontrar alguém ou pelo menos
alguma inspiração para o seu livro.
Até que uma bela noite,
Calvin sonha com uma garota que anda mancando nas nuvens e que pergunta para
ele:
“- Viu o meu sapato?
Perdi...”
No dia seguinte, na
academia, conta o sonho para o seu melhor e único amigo, o irmão Harry (Chris
Messina):
“- E você
transou?”
“- Nós conversamos. Foi
tão legal...” responde Calvin encantado.
E ele, que vive agora
para sonhar, tem outro encontro de sonho com a ruiva de olhos azuis. Conversam
no parque sobre o nome que ele deu para o cachorro:
“- É uma homenagem a
Scott Fitzgerald, um grande escritor que admiro muito.”
“- Não conheço...
Estranho... Dar esse nome a um cão não é uma maneira de humilhar esse escritor?
Bem, não tenho nada contra matar os ídolos”, diz ela sorrindo e acariciando
Scott.
Quando acorda, Calvin
corre para a velha máquina de escrever e enche laudas e mais laudas de papel,
inventando coisas sobre ela, Ruby Sparks, a quem deu esse nome por causa do
cabelo vermelho e porque ela brilha como estrela única no céu
dele.
Seu terapeuta comenta que
ele está apaixonado pelo personagem que inventou.
“- Você não entende nada
sobre mulheres... Como vai escrever uma história de amor?” critica o irmão
quando lê as páginas que Calvin mostra para ele.
Até o dia em que ele
encontra um soutien vermelho no sofá de Calvin e a cunhada se depara com uma
calcinha na gaveta da cozinha. O mais espantado é o próprio
Calvin.
Mas, nessa noite, depois
de um sonho particularmente romântico com Ruby, ele fica frente a frente com
aquela que ele criou e por quem está fascinado.
De carne e osso, Ruby
entra na vida de Calvin para ser aquela que ele sonhou encontrar. Entre
acreditar na realidade à sua frente ou duvidar que ela exista, Calvin prefere
amar Ruby.
Mas, como todo romance, o
deles também vai ter percalços, que além de divertir, fazem pensar sobre o que é
amar alguém.
O charme extra do filme
fica por conta de Zoe Kazan, que interpreta Ruby e escreveu o delicioso roteiro.
Neta de Elia Kazan (1909-2003), o famoso diretor de cinema, na vida real ela é a
namorada de Paul Dano que faz Calvin. Os dois produziram o filme e convidaram a
dupla do cultuado “Miss Sunshine”, que também são namorados, Valeria Faris e
Jonathan Dayton, para dirigir. No elenco, Annette Bening e Antonio Banderas
contribuem com seu talento.
Simpático, inteligente e
original, “Ruby Sparks – A Namorada Perfeita” diverte e encanta, com um toque
sofisticado que há muito tempo não se via no cinema
americano.
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