“Feliz Aniversário” – “Fête de Famille”, França, Bélgica,
2019
Direção: Cédric Kahn
“Famílias felizes são todas parecidas”, diz a primeira frase
do livro “Anna Karenina” de Leon Tolstoy. E prossegue, “cada família infeliz é
infeliz à sua própria maneira. ” O filme de Cédric Kahn vai mostrar momentos
felizes e infelizes de uma família francesa que comemora uma data especial.
A propriedade da matriarca da família, Andrea (Catherine
Deneuve, bela e majestática) tem um bonito parque cercando o casarão branco com
trepadeiras na fachada. Tudo parece idílico. Ouvem-se as crianças brincando no
jardim ao sol.
Na cozinha, Andrea conversa sobre o tempo. Vai chover? Faz
pizzas para o almoço. Alguém sugere substituir o coentro pelo gengibre, já que
falta o primeiro ingrediente. E todos concordam. Não há receitas a seguir mas
muita improvisação naquela cozinha.
É o aniversário da mãe e os filhos estão com ela. O primeiro
que vamos conhecer está na cozinha, é fotógrafo e quer fazer um documentário
sobre aquele dia de festa. Ele trouxe com ele Rosita (Izabel Aimé
Gonzales-Sola), uma argentina alta, morena, de olhos azuis, que faz sucesso
entre os membros da família.
A câmera passa por outra garota, a neta Emma, que ensaia uma
peça com os outros dois netos, para ser apresentada à noite. Ela explica os
personagens para as crianças e diz que é tudo ficção, apesar do assunto ser a
família.
O filho mais velho (Cédric Kahn, o também diretor) é o mais
tímido, casado, pai dos dois meninos. Ajudado por Romain, o documentarista,
eles arrumam a mesa do almoço no jardim, improvisando uma cortina como toalha.
Ninguém esperava. Mas Claire (Emmanuelle Bercot), a filha
mais velha, que não via a família há anos, aparece. Diz querer se aproximar da
filha que está lá com um namorado negro.
A chegada de Claire vai ser a gota d’água que faltava para
surgirem desacordos, enquanto uma chuvarada faz todo mundo voltar correndo para
dentro de casa.
Para piorar os desentendimentos, Romain insiste em filmar
tudo que acontece, aborrecendo todo mundo e impedindo que os embaraços se
resolvam sem testemunhas.
Claire, a filha desequilibrada, volta à família para brigar,
reivindicar
direitos não respeitados. Não foi exatamente para fazer as pazes com a filha
que não vê há três anos e que foi acolhida pela avó e seu marido Julien, que
ela voltou.
“- Hoje é o dia do meu aniversário e eu gostaria que só
falássemos de coisas agradáveis, ” diz Andrea, mostrando que a mãe e avó
daquela família não concorda com o ambiente pesado que se criou em torno a
Claire e sua loucura.
Mas, apesar do diretor incluir no filme uma dança muito
simpática, o clima é de irritação com tudo que desandou naquele dia que era
para ser de festa.
Parente é serpente. Lembrei desse filme italiano do saudoso
Mario Monicelli, que também tem um desencontro familiar em torno a uma mesa de
jantar. Com muito mais humor negro, é verdade.
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