“A Resistência de Inga”- The County”, Islândia, Dinamarca,
França, Alemanha
Direção: Grimur Hákonarson
Em um dos países mais isolados do mundo, a Islândia, terra
do gelo e do fogo, onde se fala uma língua só conhecida por lá, a religião é a
luterana e os habitantes são pouco mais de 300.000, passa-se a história de
Inga, baseada em fatos reais.
Inga tem meia idade, é forte, robusta e seus cabelos são de
um tom louro avermelhado. Ela (Arndis Hronn Egilsdottir, atriz excepcional) e o
marido trabalham de sol a sol na fazenda de vacas leiteiras, sem ajuda humana.
Só máquinas fazem o trabalho pesado. Por causa da necessidade de investimento,
a fazenda herdada exigiu muito dinheiro para ser equipada. E o marido de Inga
se endividou por causa disso.
Estamos numa comunidade de fazendeiros, num lugar deserto,
uma paisagem que parece a Lua, amarela e branca com a neve.
O lugar é gelado e as vacas só saem do estábulo no verão. A
ordenha é feita por máquinas, o estábulo é limpo por um robô mas, quando chega
a hora de uma vaca dar à luz, é Inga que tem o jeito de tirar o bezerrinho que
estava difícil de sair.
Ela parece preocupada com as dívidas e com o marido que
chega tarde, acabrunhado.
Quando o telefone toca e ela é chamada para reconhecer o
corpo do marido que se acidentara com o caminhão, vemos que ela não entende
quando dizem que foi suicídio.
Não há marcas de freios na estrada. Ele se deixou levar
ribanceira abaixo.
Inga, pensativa e triste, segue os rituais da morte. Chora
muito e a filha fica preocupada:
“- Não quer vir ficar conosco? ”
Inga não quer. Algo a martiriza. Pergunta-se:
“Por que ele não deixou um bilhete, uma carta? ”
Mas ela sabia a resposta. Fazia tempo que eles dois
reclamavam do monopólio instaurado pela cooperativa. Só podiam vender o leite
para eles. E o supermercado, com preços altos, era obrigatório para os sócios
da cooperativa.
Ela adivinha o que acontecera. O marido tinha sido acuado.
Para não perder a fazenda, delatava quem comprasse produtos necessários com
outros, com preço mais barato.
Pois bem. Ela vai se levantar e lutar contra a injustiça que
domina a comunidade. Ninguém tem coragem de denunciar a máfia? Temem prejuízos?
Acham que ninguém vai comprar o leite deles?
“Veremos” diz Inga para si mesma. Segue-se uma divertida
cena com o leite da fazenda dela.
A luta de Inga é a de uma mulher contra a empresa poderosa.
Davi e Golias. Mas a arma dela é sua convicção de que tudo tem que mudar ali,
nem que perder a fazenda seja o preço da liberdade.
Uma história de coragem contra a corrupção. Inerente ao ser
humano. Mas que pode ser combatida na raiz para que não cresça e faça mais
vítimas.
A história de Inga, contada de uma maneira bem humorada, é
exemplar.
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