“Pavarotti”- Idem, Estados Unidos, Reino Unido, 2019
Direção: Ron Howard
Eram os anos 80 e um grupo de amigos meus resolveu ir ver e
escutar, ao vivo, o grande tenor Pavarotti, que se apresentaria em Buenos Aires
no Teatro Colón.
Estávamos no pequeno hall de entrada do Hotel Plaza, todos
preparados para a noite de gala, quando nos surpreendemos com o elevador se
abrindo e era ele em carne e osso na nossa frente.
A morena mais bela do grupo teve suas mãos beijadas com
elegância pelo tenor vestido a caráter, com um “foulard” protegendo o pescoço.
A emoção foi grande em tê-lo assim tão perto. Levou um tempinho para o grupo se
refazer do encontro tão inesperado. Depois que ele se foi, houve um momento de
silêncio de puro espanto e deleite.
A noite foi um sucesso, casa lotada, todas as árias
conhecidas aplaudidas com energia pelo público refinado. Mas nunca vou me
esquecer do impacto de sua presença. Alto e corpulento, ele se movia com
inesperada graça e desenvoltura, com aquele sorriso largo, consciente do
próprio carisma e de sua capacidade de sedução instantânea.
Eu conto aqui essa passagem para vocês avaliarem o encanto
em torno a esse tenor de voz potente e afinadíssimo.
O documentário que é lançado agora, 12 anos depois de sua
morte, conta episódios de sua vida e entrevista pessoas famosas que o conheceram.
Todas as árias importantes com sua voz podem ser vistas e
ouvidas, algumas pela primeira vez em filmagens inéditas.
Foram também usados filmes caseiros que sugerem a intimidade
de Luciano Pavarotti, mas sempre em tom de homenagem. Sua primeira mulher, Adua
Veroni, mãe de suas três filhas mais velhas, é a única voz magoada, mostrando
ressentimento com as ausências do marido e pai.
Nicoletta Mantovani, a segunda mulher de Pavarotti, o
conheceu quando ela tinha 23 anos e ele 58 e passou a ser sua assistente
pessoal. Ele ainda era casado e foi um escândalo na Itália. Era 1996.
Depois nasceu Alice em 2003 e as cenas com a bebê são ternas
e comoventes.
E eu gostei também de rever “OsTrêsTenores” o mais popular
dos projetos de Pavarotti, Plácido Domingo e José Carreras, que cantaram para
multidões em grandes estádios.
Luciano Pavarotti morreu cedo (1935-2007) devido a um câncer
de pâncreas mas jamais será esquecido pelo mundo da ópera que ele ajudou a
popularizar e do qual foi um dos nomes mais brilhantes.
Vá ver o documentário e se emocionar.
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