“O Profissional”- “Léon”, Estados Unidos, França, 1994
Direção: Luc Besson
Prepare-se para ver um filme brilhante. Tem ação, passa-se
em Nova York, há assassinatos e sangue, muitos tiros e droga. Policiais
corruptos. Mas não é só isso.
Tem também um personagem que ninguém diria que é assassino
profissional, traumatizado por uma vida difícil mas que mantém um coração
sensível. Sua melhor companheira é uma planta que ele cuida todo dia, põe no
sol, limpa as folhas, conversa com ela. Léon é imigrante italiano e vamos
conhecê-lo no restaurante de Tony, que guarda o dinheiro que ele ganha com seus
“trabalhos”. Ele é calmo e confiante. E é analfabeto.
Léon (Jean Reno, ótimo) é
vizinho de uma família rude, num prédio de apartamentos bem modesto. Ele passa
calado pela porta deles, trazendo sua maleta com seus objetos de trabalho e
compras do mercado. Gosta de leite.
Num desses dias, encontra no vão da escada uma menina
tristinha, que acaba de levar um tapa do pai, traficante que está na mira dos
policiais corruptos. Ela o acompanha com o olhar e pede para não contar ao pai
que está fumando:
“- Não fale para o meu pai. Ele já tem preocupações demais.
”
Mathilda é uma menina de uns 13 anos (Natalie Portman, em
seu primeiro papel no cinema, cativante) e vai ter toda a família assassinada
pelo policial perverso e seus asseclas, que matam até o irmãozinho de
Mathilda de 4 anos. Tudo isso acontece quando ela está fazendo compras.
Quando ela volta a chacina já aconteceu mas os assassinos
ainda estão lá. Horrorizada, ela bate na porta de Léon, no desespero de não ter
onde se esconder dos policiais que já a procuram.
No começo, perturbado pela presença da menina, não
acostumado com companhia, aos poucos vamos ver florescer uma relação afetiva
entre Léon e Mathilda, que só tem um ao outro. Brincam, treinam tiro e ela
ensina Léon a ler e escrever.
E Mathilda, numa interpretação intensa da atriz, se afeiçoa
cada vez mais a Léon que ela vê ora como um pai, ora como seu primeiro amor,
confundindo a gratidão que ela sente por ele com outros sentimentos que nunca
tinham sido vividos por ela, filha de um pai agressivo e grosseiro, morando com
gente estranha que o pai impunha a ela.
Afeiçoada a Léon, quer ser como ele e matar os que
assassinaram o pai e seu irmão.
O policial corrupto e perverso, interpretado com talento por
Gary Oldman, é o objeto de ódio de Mathilda.
É tão raro um bom roteiro como este, escrito pelo próprio
Luc Besson, que aprofunda a psicologia dos personagens, que nos envolvemos com
esse filme, considerado por muitos como a obra prima do diretor de “Imensidão
Azul” 1998, “Lucy” 2014 e o recente Anna - O Perigo tem Nome”, para citarmos só
alguns de sua carreira.
Não perca “O Profissional”, uma joia do cinema.
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