“Ad Astra – Rumo às Estrelas”- “Ad Astra”, Estados Unidos,
2019
Direção: James Gray
Tudo se passa num futuro mais ou menos próximo. Na tela
luzes vermelhas, amarelas e verdes e um perfil etéreo e sombrio.
Brad Pitt é Roy McBride, major, engenheiro espacial, que
fala em “off”, para si mesmo, que sempre quis ser astronauta. Passa por uma
investigação de sua estabilidade mental. Está calmo, pulso normal. Diz para si
mesmo que não vai pensar em coisas importantes. Precisa focar somente no que é
o mais importante.
Está na Estação Espacial e aparece escalando uma torre
enorme, quando percebe os efeitos de uma sobrecarga no sistema, que causa
explosões.
Atingido, ele rola no espaço. Abre o paraquedas. Mas cai
muito rápido. Pessoas correm para ajudá-lo.
Roy está num quarto escuro e se lembra de algo:
“- Tenho um lado destrutivo, é o que ela dizia...”
Quem é essa mulher?
Ele é convocado para uma reunião, aparentemente por causa do
acidente:
“- Vai ser um choque para você. Mas seu pai pode estar vivo
em Netuno. Já faz muito tempo que ele desapareceu. Mas agora, essa sobrecarga
pode indicar que pode ser ele que a causa com a antimatéria que era o
combustível da nave dele na Operação Lima. ”
E. para investigar essa hipótese ele é mandado para a Lua,
num voo comercial, para não despertar curiosidade. Sua missão é ir para Marte e
depois Netuno, para procurar o pai, que acreditara poder descobrir vida
inteligente fora da Terra.
Num “tablet” ele revê o pai apostando nisso, em Netuno:
“ - Fico pasmo ao sentir a presença de Deus tão próximo...
Adeus filho! ” São palavras estranhas.
Parece que a mente de Roy está sendo sondada como tinha sido
o universo por seu pai. Aos militares ele informa que está inteiramente
envolvido no seu ofício. Diz que renunciou à família para poder estar preparado
para a solidão no espaço.
Mas esses ataques de “sobrecarga” que o pai enviaria para a
destruição da Terra não combina com o que estamos presenciando. Afinal o pai de
Roy não era um herói?
Mas as imagens na tela são maravilhosas e originais. E os
“closes” no rosto de Brad Pitt são intensos e longos.
Será que essa história toda deve ser lida ao pé da letra? Ou
estamos às voltas com um conflito interno e sondando as profundezas da mente de
Roy? O certo é que há mesmo um problema dele com esse pai. Herói ou inimigo? O
universo e seus mistérios se fundem no filme com os conflitos e sua
profundidade na mente infantil de Roy que acha que o pai o abandonou.
Mas não importa qual seja a interpretação de cada um para a
motivação de tantas aventuras. O que importa é ver o filme em sua
grandiosidade, imagens criativas de solidão, cenários onde se movem inimigos
sem rosto e confrontos de um homem com sua parte animal.
James Gray, numa direção impecável e Hoyte Van Hoytema,
talentoso diretor de fotografia, fizeram um trabalho primoroso, produzido pelo
brasileiro Rodrigo Teixeira.
Brad Pitt cria um personagem atraente em seus diálogos
consigo mesmo e encontros com o desconhecido que o habita. Principalmente nos “closes”
lemos em seu rosto expressivo os conflitos de um ser humano que sofre. Ele vai
ter que afundar para poder submergir.
Liv Tyler faz o papel da mulher dele, sempre distante mas
esperando por ele. Tommy Lee Jones, um ótimo ator, é o pai de Roy, um fantasma
atormentado.
“Ad Astra” mostra uma viagem que pode ser para fora da Terra
ou para dentro de si mesmo. Entretanto, de qualquer maneira que se compreenda o
filme, vale a pena ir junto com Roy/ Brad Pitt nessa viagem surpreendente.
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