“Branca
como a Neve” – “Blanche comme Neige”, França, 2019
Direção:
Anne Fontaine
Se os
irmãos Grimm vissem o que fizeram com a Branca de Neve... Pois foram eles que
recolheram da tradição oral alemã esse conto de fadas e o publicaram junto a
outros, no início do século XIX.
Quanto ao
filme de Anne Fontaine, alguns vão ter uma reação crítica, enquanto outros
poderão até se entreter com essa interpretação da diretora e roteirista que
também nos deu “Coco Avant Chanel”, “La Fille de Monaco”e “Gemma Bovery”, entre
outros filmes.
E não é a
primeira Branca de Neve no cinema. Houve o desenho da Disney de1937,
Kristen Stewart padeceu sob Charlize Theron e agora é a bela e pálida Lou de
Laâge que faz Claire, branca como a neve, pura e inocente até que a madrasta
Maud, nada menos que Isabelle Huppert, faz a famosa pergunta a si mesma, não ao
espelho. E quem é a mais bela?
Aliás é
através do vidro da janela que a também bela e perversa viúva do pai de Claire,
vê seu amante, o diretor geral do hotel que pertencera ao marido morto, de
conversinha com a garota.
Vestindo um
terninho vermelho cor de sangue, ela ia dispensar o amante. Mas o ciúme e a
inveja envenenaram seu coração. E a sentença de morte é dada.
Claire é
sequestrada e se salva de um acidente de carro que mata a outra malvada, íntima
de Maud.
Ela está
numa floresta escura e é salva por um local, Pierre (Damien Bonnard) que a
abriga na casa dele e de seu irmão gêmeo, François (o mesmo Bonnard). Lá habita
também um violoncelista problemático, Vincent (Vincent Macaigne).
Pois bem.
Essa Branca de Neve não precisa que ninguém a beije e case com ela. Ela mesma
descobre rapidinho o que é o desejo. E aproveita a vida com seus amigos da
aldeia vizinha e com os gêmeos. Com o violoncelista ela toca violino. Amor
platônico.
Ao invés de
anões, homens seduzidos pela beleza e sensualidade de Claire.
Mas, por
mais que Claire se divirta e exagere nos gemidos de prazer, quem rouba a cena
sempre que aparece, é a madrasta. Isabelle Huppert, inacreditáveis 66 anos,
sempre com um batom cor de sangue e roupas com belas estampas onde também
predomina essa cor, faz com uma ponta de ironia, a bruxa da história.
Eu diria
que o filme tem até passagens divertidas mas vale mesmo pela presença da
Huppert. Aliás tudo que ela faz no cinema ou no teatro é bom e merece ser
visto. Mesmo que seja a bruxa da Branca de Neve.
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