segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Branca como a Neve



“Branca como a Neve” – “Blanche comme Neige”, França, 2019
Direção: Anne Fontaine


Se os irmãos Grimm vissem o que fizeram com a Branca de Neve... Pois foram eles que recolheram da tradição oral alemã esse conto de fadas e o publicaram junto a outros, no início do século XIX.
Quanto ao filme de Anne Fontaine, alguns vão ter uma reação crítica, enquanto outros poderão até se entreter com essa interpretação da diretora e roteirista que também nos deu “Coco Avant Chanel”, “La Fille de Monaco”e “Gemma Bovery”, entre outros filmes.
E não é a primeira Branca de Neve no cinema. Houve o  desenho da Disney de1937, Kristen Stewart padeceu sob Charlize Theron e agora é a bela e pálida Lou de Laâge que faz Claire, branca como a neve, pura e inocente até que a madrasta Maud, nada menos que Isabelle Huppert, faz a famosa pergunta a si mesma, não ao espelho. E quem é a mais bela?
Aliás é através do vidro da janela que a também bela e perversa viúva do pai de Claire, vê seu amante, o diretor geral do hotel que pertencera ao marido morto, de conversinha com a garota.
Vestindo um terninho vermelho cor de sangue, ela ia dispensar o amante. Mas o ciúme e a inveja envenenaram seu coração. E a sentença de morte é dada.
Claire é sequestrada e se salva de um acidente de carro que mata a outra malvada, íntima de Maud.
Ela está numa floresta escura e é salva por um local, Pierre (Damien Bonnard) que a abriga na casa dele e de seu irmão gêmeo, François (o mesmo Bonnard). Lá habita também um violoncelista problemático, Vincent (Vincent Macaigne).
Pois bem. Essa Branca de Neve não precisa que ninguém a beije e case com ela. Ela mesma descobre rapidinho o que é o desejo. E aproveita a vida com seus amigos da aldeia vizinha e com os gêmeos. Com o violoncelista ela toca violino. Amor platônico.
Ao invés de anões, homens seduzidos pela beleza e sensualidade de Claire.
Mas, por mais que Claire se divirta e exagere nos gemidos de prazer, quem rouba a cena sempre que aparece, é a madrasta. Isabelle Huppert, inacreditáveis 66 anos, sempre com um batom cor de sangue e roupas com belas estampas onde também predomina essa cor, faz com uma ponta de ironia, a bruxa da história.
Eu diria que o filme tem até passagens divertidas mas vale mesmo pela presença da Huppert. Aliás tudo que ela faz no cinema ou no teatro é bom e merece ser visto. Mesmo que seja a bruxa da Branca de Neve.


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