“A
Tabacaria”- “The Tobacconist”, Áustria, Alemanha, 2018
Direção:
Nikolaus Leytner
O fundo de
um lago de águas verdes é a primeira imagem que vemos. O jovem Franz (Simon
Morze), está entre os galhos submersos e encontra um caco de vidro verde que
leva consigo quando sai correndo da água, assustado com a tempestade de raios e
trovoadas.
Sua mãe
(Regina Fritsch) e o homem dela fazem amor encostados ao tronco de uma grande
árvore. O sexo e a morte estão presentes na cena, quando o homem forte e viril,
que tantas vezes nadara naquele lago em Attersee, afunda fulminado por um raio.
Não há outra
saída. A mãe não pode mais sustentar o filho. E pede a ele que vá para Viena
onde um outro homem de sua vida, dono de uma tabacaria (Johannes Krisch), o
acolheria.
Vamos
acompanhar Franz, que tem 17 anos, em suas descobertas sobre a vida e si mesmo,
no fim dos anos 30, quando tristes acontecimentos se sucedem na Alemanha e logo
atingem toda a Europa.
Quando sai
do trem na estação em Viena, uma senhora o aborda:
“- O
que faz em Viena? São tempos difíceis... Por que não volta para a casa?”
Era um mau
sinal. Mas Franz ainda não sabe de nada. A tabacaria vai ser uma escola de vida
para ele.
O
açougueiro vizinho é o primeiro a atacar a tabacaria, mostrando que os
simpatizantes de Hitler e do nazismo estavam presentes e ativos em Viena. E não
perdoavam quem acolhesse judeus e comunistas, clientes da tabacaria.
O mais
famoso dos apreciadores de charutos na cidade era um judeu, o Professor Sigmund
Freud. Franz se aproxima dele querendo que o velho senhor lhe ensinasse sobre
ele mesmo. O saudoso Bruno Ganz (1941-2019) interpreta o fundador da
Psicanálise, dando a ele calor humano e uma sabedoria vivida.
Franz e
Freud se encontram várias vezes e o Professor se interessa por sua vida
afetiva, seu amor por Anezka
(Emma
Dragunova), uma moça que dançava num cabaré. Aconselha a ele escrever seus
sonhos assim que despertasse. E vários sonhos de Franz são encenados com belas
imagens e sugestões de medo da morte e desamparo.
Mas para
nossa frustração, Freud não conversa com Franz sobre esses sonhos, que como o
caco de vidro verde que ele trouxera do fundo do lago, permanecem um mistério.
O filme
dirigido com talento por Nikolaus Leytner é baseado no romance de 2017 do
escritor austríaco Robert Seethaher, bestseller na Alemanha.
O filme é
interessante principalmente porque mostra os efeitos da política no dia a dia
de uma cidade, que vai ser envolvida numa guerra, ao mesmo tempo que acompanha
Franz em suas descobertas sobre o que é a vida e suas difíceis escolhas.
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