“Mary
Shelley”- Idem, Reino Unido, Irlanda, Luxemburgo, 2017
Direção:
Haifaa Al-Mansour
É num
antigo cemitério, onde sua mãe estava enterrada, que a jovem Mary (Elle
Fanning, ótima) lê romances góticos. Ela ama a solidão e a reflexão. Num
caderno, escreve pensamentos, inspirações, esboços. Bela e nostálgica,
aos 16 anos, era já a semente do que se tornaria um dia. Uma escritora criativa
como poucas, Mary Shelley (1797-1851), mundialmente famosa.
A filha de
Mary Wollstonecraft, não conheceu a mãe, que morreu dias depois de seu
nascimento. Filósofa e feminista, essa mulher adiante do seu tempo, vivia como
acreditava que todas as pessoas deveriam viver: livres e apaixonadas.
Mary foi
criada pelo pai, que também escritor como a mãe, era dono de uma livraria
William Godwin (Stephen Dillane). Casado pela segunda vez com uma mulher que
não tolerava Mary, tivera uma segunda filha, Claire (Bel Dowley), que era muito
próxima de Mary.
Para
afastá-la da madrasta, o pai resolve mandar Mary para a Escócia, na casa de
parentes. Lá ela vai conhecer o poeta Percy Shelley (Douglas Booth), com quem
viverá alegrias e tristezas. Os dois, unidos por uma paixão fulminante, eram
almas diferentes. Mary sensível, impulsiva mas doce, Percy aventureiro e
irresponsável. Mas se amavam.
Quando
Shelley a convida para viver com ele, ela não titubeia. Vai ser livre como sua
mãe fora.
Porém, essa
união foi marcada também por sofrimentos vividos por Mary. Traições, mentiras e
a morte de sua filha ainda bebê. Claire, a meia irmã, vivia com eles. E Percy,
narcisista e egocentrico, se divertia com ela, durante a depressão de Mary por
causa do luto.
Numa noite
de tempestade é lançado um desafio na mesa do palácio de Lord Byron(Tom
Sturrdge), que Claire queria para ser seu amante:
“- Vamos
ver quem consegue escrever a melhor história de fantasma? “
Nessa
noite, aceito o desafio, o médico de Byron escreve “O Vampiro”, que influenciou
todas as histórias sobre o tema e Mary esboça o “Frankenstein”, que sabemos o
quanto ficou famoso.
O livro do
médico Polidori foi publicado como sendo da autoria de Byron e o de Mary só foi
aceito para publicação com a condição de ser de autor anônimo. Ainda por cima
foi exigido pelo editor que o prefácio teria que ser escrito por Shelley.Todos
pensavam que era ele o autor.
Mas na
segunda edição esse erro foi corrigido.
Mary
Shelley fez do que viveu, o céu e o inferno, material para a criação do
Frankenstein, monstro solitário e abandonado. Patético e incompreendido.
A menina
que não conheceu a mãe, sentindo-se abandonada por ela quando morre, também
vive um terrível abandono quando seu companheiro não está a seu lado quando
mais precisava dele, a morte da filha de ambos.
Mais, Mary
sentiu-se um monstro desde sempre, castigada com a morte de sua mãe que,
inconcientemente, sentia como se fosse sua culpa e, novamente, quando morre sua
filha.
Ela
transforma todas essas angústias em um personagem que está dentro dela, temido,
carente e solitário : “Frankenstein ou o Prometeu Moderno”.
Mary
Shelley casou-se com Percy e tiveram um filho. Depois da morte prematura do
marido, Mary nunca mais se casou.
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