quinta-feira, 30 de maio de 2019

Mary Shelley



“Mary Shelley”- Idem, Reino Unido, Irlanda, Luxemburgo, 2017
Direção: Haifaa Al-Mansour


É num antigo cemitério, onde sua mãe estava enterrada, que a jovem Mary (Elle Fanning, ótima) lê romances góticos. Ela ama a solidão e a reflexão. Num caderno, escreve pensamentos, inspirações, esboços. Bela e  nostálgica, aos 16 anos, era já a semente do que se tornaria um dia. Uma escritora criativa como poucas, Mary Shelley (1797-1851), mundialmente famosa.
A filha de Mary Wollstonecraft, não conheceu a mãe, que morreu dias depois de seu nascimento. Filósofa e feminista, essa mulher adiante do seu tempo, vivia como acreditava que todas as pessoas deveriam viver: livres e apaixonadas.
Mary foi criada pelo pai, que também escritor como a mãe, era dono de uma livraria William Godwin (Stephen Dillane). Casado pela segunda vez com uma mulher que não tolerava Mary, tivera uma segunda filha, Claire (Bel Dowley), que era muito próxima de Mary.
Para afastá-la da madrasta, o pai resolve mandar Mary para a Escócia, na casa de parentes. Lá ela vai conhecer o poeta Percy Shelley (Douglas Booth), com quem viverá alegrias e tristezas. Os dois, unidos por uma paixão fulminante, eram almas diferentes. Mary sensível, impulsiva mas doce, Percy aventureiro e irresponsável. Mas se amavam.
Quando Shelley a convida para viver com ele, ela não titubeia. Vai ser livre como sua mãe fora.
Porém, essa união foi marcada também por sofrimentos vividos por Mary. Traições, mentiras e a morte de sua filha ainda bebê. Claire, a meia irmã, vivia com eles. E Percy, narcisista e egocentrico, se divertia com ela, durante a depressão de Mary por causa do luto.
Numa noite de tempestade é lançado um desafio na mesa do palácio de Lord Byron(Tom Sturrdge), que Claire queria para ser seu amante:
“- Vamos ver quem consegue escrever a melhor história de fantasma? “
Nessa noite, aceito o desafio, o médico de Byron escreve “O Vampiro”, que influenciou todas as histórias sobre o tema e Mary esboça o “Frankenstein”, que sabemos o quanto ficou famoso.
O livro do médico Polidori foi publicado como sendo da autoria de Byron e o de Mary só foi aceito para publicação com a condição de ser de autor anônimo. Ainda por cima foi exigido pelo editor que o prefácio teria que ser escrito por Shelley.Todos pensavam que era ele o autor.
Mas na segunda edição esse erro foi corrigido.
Mary Shelley fez do que viveu, o céu e o inferno, material para a criação do Frankenstein, monstro solitário e abandonado. Patético e incompreendido.
A menina que não conheceu a mãe, sentindo-se abandonada por ela quando morre, também vive um terrível abandono quando seu companheiro não está a seu lado quando mais precisava dele, a morte da filha de ambos.
Mais, Mary sentiu-se um monstro desde sempre, castigada com a morte de sua mãe que, inconcientemente, sentia como se fosse sua culpa e, novamente, quando morre sua filha.
Ela transforma todas essas angústias em um personagem que está dentro dela, temido, carente e solitário :  “Frankenstein ou o Prometeu Moderno”.
Mary Shelley casou-se com Percy e tiveram um filho. Depois da morte prematura do marido, Mary nunca mais se casou.



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