“Madame
Bovary”- Idem, França, 2015
Direção:
Sophia Barthes
A primeira
cena que vemos mostra uma mulher jovem, em desespero, correndo pelo caminho de
uma floresta. Bem vestida em sedas mas descabelada e sentindo dores pois aperta
com as mãos o lado de seu corpo.
Finalmente,
cai e presenciamos sua agonia e morte. O que foi que aconteceu?
Ela é Emma,
na pele de Mia Wasikowska, filha de um proprietário rural, que casa sua filha,
educada em um convento, com um médico de província, Charles Bovary (Henry
Lioyd-Hugues).
Ela é bela,
jovem e romântica, adora ler os livros que narram histórias de amor e sonha
viver como as heroínas desses livros.
Mas já na
primeira noite, Emma se decepciona com a atitude nada sensual do marido, que
marca o seu casamento com frustração.
Ela, que
vestia roupas simples e tinha uma presença calma e obediente, muda aos poucos
para o contrário, colocando para fora seu lado mais arrogante, que pensa que
ela é mais do que na realidade é.
Com a ajuda
prestimosa de M. Lhereux (Rhys Ifans), um sujeito astuto e manipulador, Emma
vai conhecer luxos com os quais nunca sonhara e vai se entregar a eles. Passa a
aceitar o crédito que o dono da butique lhe concede e nem pensa em perguntar
quanto custam suas encomendas.
Para se
esquecer do tédio de sua vida com o marido, que ela só vê à noite, Emma
mergulha no consumismo e na vaidade. O que é um passo para atrair outros homens
com os quais procura o que não tem no seu casamento.
Mas Emma
não se dá conta de que é seu lado autodestrutivo que comanda essas ações. E por
isso Emma será para sempre uma eterna insatisfeita.
Mia
Wasikowska empresta à personagem seu talento para interpretar mulheres sofridas
e complexas. Ela lidera um ótimo elenco e o filme é bonito de se ver com
primorosa produção de arte, figurinos sofisticados e locações bem escolhidas.
Gustave
Flaubert (1821-1880) é o autor do famoso livro que foi adaptado para a tela. Na
época teve que se defender perante um tribunal que acusava o livro de ser
imoral. Foi então que o escritor falou a célebre frase: “Emma Bovary c’est
moi!” (“Eu sou Madame Bovary!”)
E escapou
ileso e dito inocente.
O século
XIX era uma época de forte patriarcado, eivada de preconceitos, moralidade e
religiosidade acerbadas, que condenavam o adultério, como o pior dos males.
Hoje em dia
existem por aí muitas “Bovarys” que continuam, como Emma, a não entender que a
felicidade é algo a ser buscado, sem qualquer ilusão de que dure para sempre.
Dá trabalho e é preciso paciência e muita boa vontade.
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