quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

O Homem que não Vendeu sua Alma




“O Homem que não Vendeu Sua Alma “ -  “A Man for All Seasons”, Reino Unido, 1966
Direção: Fred Zinnermann

Ele foi um homem raro. Sir Thomas More nasceu em 7 de fevereiro de 1478 e morreu em 6 de julho de 1535, aos 57 anos. Viveu na Inglaterra durante o reinado de Henrique VIII de quem foi conselheiro e chanceler.
Educado para ser padre, estudou no mosteiro de Canterbury por 4 anos. Foi um homem profundamente religioso por toda sua vida mas decidiu estudar Direito em Oxford. Não tinha vocação para padre. Foi advogado brilhante, político, escritor e humanista respeitado por toda a Europa.
Quando começa o filme, Sir Thomas More (Paul Scofield) é chamado para conversar com o chanceler, Cardeal Wolsey interpretado por Orson Welles, magnífico em sua roupa de seda vermelha e colar de ouro de chanceler. Já percebemos, no diálogo entre eles, o caráter íntegro de More e sua posição contrária ao rei Henrique VIII que queria divorciar-se de Catarina de Aragão e casar-se com Ana Bolena (Vanessa Redgrave).
Ora, More entendia que o único que poderia conceder o divórcio ao rei seria o Papa. E tal não era a intenção do Bispo de Roma.
Mesmo assim, o rei (Robert Shaw) nomeia More seu chanceler, talvez pensando que assim conseguiria sua aprovação.
A cena do filme na casa de Sir Thomas More, quando o rei chega de barco para jantar, tem um diálogo entre eles no jardim, que mostra um rei cheio de vitalidade, dizendo-se amigo de More e certo de sua anuência ao divórcio. Mas, frente à posição firme do chanceler, nem sequer se digna a entrar na casa onde o esperam a mulher de More, Lady Alice ( Wendy Hiller) e a filha Margareth ( Susannah York).
More renuncia ao cargo de chanceler em 1532 e não compareceu ao casamento do rei com Ana Bolena. A essas alturas, Henrique VIII se desligara da Igreja Católica de Roma, e se dera o título de chefe da Igreja Anglicana.
Essa recusa em aceitar o novo casamento custará a vida de Sir Thomas More. As cenas de seu julgamento no filme são muito bem dirigidas, com diálogos que mostram a lucidez e até o bom humor de More que não arreda um passo de suas convicções.
Em 1886 Sir Thomas More foi beatificado pela Igreja Católica, por decreto do Papa Leão XIII e foi canonizado em 1935 pelo Papa Pio XI. João Paulo II declarou-o “Patrono dos Estadistas e Políticos”.
O filme foi o mais premiado de 1967. Ganhou 6 Oscars: melhor filme, direção, fotografia, figurino, ator (Paul Scofield) e melhor roteiro adaptado.
Imperdível, principalmente em tempos conturbados que vivemos nos quais sofrem a moral e a política.


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