Direção: Wash Westmoreland
Um gato e o chilrear de pássaros abrem a primeira cena do
filme. Na cama dorme uma mocinha, na casa em Saint-Sauveur, interior da França.
“ – Acorde Gabrielle! O senhor Willy vem fazer uma visita
logo mais. ”
Ela ia completar 20 anos e, não sabia ainda, mas ia se
casar.
Sidonie-Gabrielle Colette (1871-1954), tornou-se uma
conhecida e famosa escritora francesa, com mais de 80 livros publicados, entre
eles os adaptados para o cinema, “Gigi” e “Chéri”, e a coleção sobre a
personagem Claudine, inspirada nela mesma.
O filme do diretor Wash Westmoreland conta a história do
casamento de Colette (Keira Nightley,encantadora) com Willy, aliás Henry
Gauthier-Villars (Dominic West). Ela não tinha dote, era uma moça pobre e por
isso seus pais (Fiona Shaw e Robert Pugh) preocupavam-se e torciam pelas
visitas de Willy.
Mal sabiam que a filha já nascera um espírito livre, porque
quando Willy se despedia, depois de falar muito sobre os prazeres em Paris,
seguia para um certo galpão, onde Gabrielle aparecia para fazer amor. Ele, mais
velho que ela mas atraente e um grande sedutor, encantou-se com “a menina das
tranças” como ela era conhecida na região, por seu belos cabelos. Ela
surpreendera Willy não só pela aparência mas pela inteligência.
Porém Colette vai se decepcionar com esse casamento. As
infidelidades de Willy e o grupo de gente frívola que ele frequentava, nada
disso atraia a mocinha, pouco versada nas modas e no exibicionismo dos salões
parisienses na Belle Époque.
Por sua vez, as pessoas que conheciam Willy se surpreenderam
com a mulher pouco sofisticada que ele escolhera para casar.
Acontece que o “bon vivant” Willy tinha hábitos luxuosos e
gastava mais do que podia. Não era ele que escrevia os livros que levavam seu
nome como autor mas “ghost writers”. Aliás Gabrielle descobre o segredo do
marido porque eles cobravam aos gritos o que ele lhes devia.
Willy estava desesperado para encontrar alguém que
escrevesse para ele. Sua mulher já se incumbia das cartas que ele só assinava,
depois de copiar. Certo dia no campo, Gabrielle começa a contar suas aventuras
de adolescente com a melhor amiga, com tal graça, que o marido a incentiva a
escrever tais lembranças. Depois faz sugestões para apimentar o texto,
tornando-o mais ao gosto dos homens da época.
Os livros de “Claudine”, assinados por Willy, fizeram muito
sucesso e Gabrielle começa a perceber o outro lado do marido, um narcisista
egoísta e mulherengo.
Bem, Colette vai nascer da raiva contida com que Gabrielle
tivera que aguentar os desmandos do marido. Mas não por muito tempo. De
submissa e discreta, Gabrielle vira Colette, dona de seu próprio nariz, sua
sexualidade e seus livros. Ditou moda, fez teatro e causou escândalo com seu
caso com Missy (Denise Gough), a marquesa de Bellbeuf, seu grande amor.
O filme tem a espetacular Keira Knightley como Colette, um
papel no qual ela brilha, simpática e irreverente. Belos figurinos e produção
de arte requintada, aumentam o atrativo de “Colette”, a história de uma
passagem na vida de uma mulher que estava adiante de seu tempo.
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