Aos Teus
Olhos”, Brasil, 2017
Direção:
Carolina Jabor
Aquele
menino quieto, uns sete anos, sentado no banco de trás do carro do pai está com
algum problema. Acabaram de sair do apartamento da mãe (Stella Rabello) e
quando o pai puxa conversa, ele se agarra ainda mais no joguinho do celular. Os
pais são separados e parece que não se entendem bem.
Chegando ao
clube, o carro dá uma batida leve no carro do professor de natação, que
simpático, vai até o menino e seu pai e diz:
“- Alex!
Você conta para seu pai quem sou eu? ” E acrescenta que não houve nada no carro
dele. “- Uma batidinha leve. ”
Na piscina
os meninos e meninas treinam e o pai de Alex (Marco Ricca, sempre convincente))
é o único que corre de lá para cá, gritando instruções.
No dia da
competição a mãe bate palmas para o filho que chegou em segundo lugar mas o pai
não parece satisfeito.
Quando o
professor (o ótimo Daniel de Oliveira) vai por a medalha de prata em seu
pescoço, Alex foge para o vestiário.
Lá um outro
menino zomba dele:
“- Está de
mau humor porque não ganhou a prova! ”
Alex voa
sobre ele. O professor separa os dois e faz darem um aperto de mão:
“- O que foi
que eu ensinei? Tem que saber ganhar e perder!“
E dá um
beijo na cabeça de cada um. O professor Rubens é carinhoso com os seus alunos.
É também o xodó das meninas que mandam fotos para o celular dele.
Se Rubens
soubesse o que está para acontecer...
O pai de
Alex está na sala da diretora (Malu Galli) no dia seguinte e comunica que o
filho não quer vir mais às aulas de natação. O motivo? Alex tinha dito para a
mãe que o professor Rubens tinha dado um beijo na boca dele. Louca da vida, a
mãe passa um e-mail coletivo para todos os pais e mães dos coleguinhas de Alex
contando o acontecido. Quase todos exigem denúncia e demissão do professor.
Escândalo na internet. O caso vai parar na delegacia.
A frase da
diretora é exemplar:
“- Daqui a
pouco a gente não vai poder tocar mais nas crianças...”
O
linchamento moral já foi feito. E a pecha de pedófilo já determina que ele deve
ser demitido. Prisão é pouco, dizem alguns que atacam Rubens na rua.
Essa mentalidade
de julgar antes de conhecer os fatos, infelizmente já é regra no nosso país.
Agora, o inocente é que tem que provar que não é culpado. A presunção de
inocência já era.
Carolina
Jabor fez um filme necessário que chama a atenção para posições extremistas e
sobre a fúria que se abate sobre o suspeito. Ninguém tem calma, nem bom senso.
Ninguém ouve os dois lados.
Onde fica o
respeito ao direito de defesa?
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