“Assassinato no Expresso do
Oriente”- “Murder on the Orient Express”, Estados Unidos, Malta, 2017
Direção: Kenneth Branagh
Jerusalém, uma cidade
ensolarada, de pedras antigas e sagrada, recebe o mais célebre detetive do
mundo, Hercule Poirot (Kenneth Branagh, excelente) que, com sua famosa mania de
perfeição e simetria, implica com os ovos quentes que são servidos de manhã em
seu quarto de hotel.
Mas ele está de bom humor,
porque, finalmente, Poirot está de férias.
Antes, porém, tem que atuar
para solucionar um problema, pois uma relíquia preciosa foi roubada. Ele
resolve o caso magistralmente, a partir de um detalhe insignificante, como
aliás é a sua marca. Extremamente bom observador e dono de uma inteligência
brilhante, ele é imbatível.
Porém, confessa que está
cansado e vai partir para Istambul onde, a bordo do Expresso do Oriente,
pretende descansar uns dias até a chegada a Paris.
Istambul, com suas mesquitas
brilhando ao pôr do sol, vê chegar na estação de trem os ilustres passageiros
que farão a viagem através da Europa. Eles chegam com suas valises elegantes,
bem vestidos e ansiosos. Afinal, é uma viagem no trem mais luxuoso do mundo e
os que podem pagar a passagem são milionários, que trazem com eles seus
empregados.
Poirot observa os doze
passageiros que lhe farão companhia, europeus e americanos. Passa por ele a
idosa princesa russa, solene, antipática e majestática, coberta de joias e
peles (Judi Dench), acompanhada por sua humilde empregada Hildegarde Schmidt
(Olivia Colman); há uma jovem e bela governanta, Mary Debenham (Daisy Ridley)
que parece conhecer o doutor Arbuthnot (Leslie Odom Jr) esperado em Londres
para uma operação num paciente importante; destoando do grupo de convivas
alinhados, emerge o professor austríaco Gerhard Hardman (Willem Dafoe); outra
também diferente dos outros é a opaca religiosa Pilar Estravados (Penélope
Cruz); o que não é o caso do casal russo de bailarinos, Count Andrenyi (Sergei
Polunin) e sua mulher, a Condessa Andrenyi (Lucy Boynton); há também uma bela
americana que faz o tipo mulher fatal, caçadora de maridos, Mrs Hubbard
(Michelle Pfeiffer, ótima); além de um empresário latino, Marquez (Manuel
Garcia-Rulfo) e por fim, um americano mal encarado, que se diz comerciante de
arte, Ratchett (Johnny Depp, sempre um ator camaleônico), que veio com seu
mordomo, Masterman (Derek Jacobi) e seu assistente, Hector Mac Queen (Josh
Gad).
Um, dentre eles, será
assassinado. E Poirot, de férias, terá que se curvar à evidência de que ele é
que terá que liderar os interrogatórios para descobrir o culpado.
O livro publicado em 1934,
escrito pela inglesa Agatha Christie (1890-1973), faz parte de uma coleção de
33 que tem o detetive belga como personagem principal, sempre vítima de
brincadeiras por causa de seu sotaque e principalmente por seu excêntrico
bigode. Kenneth Branagh usa o mais extraordinário jamais visto na tela do cinema
ou na televisão. Ele está maravilhoso no papel e mal conseguimos ver o ator,
tão impregnado que ele está do seu personagem.
A direção do próprio Branagh
é ágil porém o ritmo, um tanto acelerado, que faz com que o espectador não
familiarizado com a história tenha dificuldade de seguir os acontecimentos.
Há cenas belíssimas do trem
visto do alto das montanhas nevadas, lá embaixo no vale. E o Orient Express foi
reconstruído com capricho, destacando-se sua bela decoração “art-déco” nas
luminárias e painéis de madeiras preciosas. O encontro do corpo da vítima do
assassinato é visto de cima, retirados os tetos das cabines, o que dá um toque
original à cena.
O final é muito bem pensado e
faz homenagem a um ilustre quadro de um importante artista.
E, resolvido o misterioso
crime, ficamos sabendo que Poirot é chamado às pressas para o Egito, onde houve
um assassinato no Nilo. Pelo visto vamos ver Kenneth Branagh numa nova produção
de “Morte no Nilo”. A outra, de 1978 tinha direção de John Guillemin e Peter
Ustinov como Poirot.
Veremos.
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