Direção:
Hugo Gélin
O que é uma
família? A tradicional tem na receita pai, mãe e filhos. Mas, a cada dia que
passa, vemos surgirem novas fórmulas que funcionam bem, porque se prestam ao
que as crianças precisam. A família existe para proteger, alimentar e preparar
os filhos para o futuro. É uma instituição a serviço da sobrevivência da
espécie.
Bem, mas
não é todo mundo que tem vontade de formar uma família. Samuel (Omar Sy), por
exemplo, está muito tranquilo e confortável na vida de solteiro à beira-mar, na
famosa “Côte d’Azur”.
Ele é o
encarregado de divertir os hóspedes do “résort” onde trabalha e, para ele, tudo
está perfeito. Leva uma vida sem responsabilidades, muitas namoradas e noitadas
intermináveis até o sol nascer. E tudo recomeçar.
Até
que...Pois é. A vida boa de Samuel termina de repente. Uma bebê de meses é
colocada em seu colo, sem maiores explicações, por uma ex-namorada da qual já
havia se esquecido, Kristin (Clémence Poésy), que afirma que ele é o pai da
criança. E, assim como aparece, do nada, desaparece.
Atônito,
Samuel tenta em vão chamar a fugitiva de volta. Ela sumiu. E Glória, a bebê,
chora desesperada.
Há ocasiões
em nossa vida que precisamos improvisar e Samuel, sem ter uma ideia melhor,
larga a praia francesa e vai atrás da mãe de Glória, que parece que mora em
Londres.
Mas, mesmo
pai de primeira viagem e nada à vontade no papel, Samuel vai se ajeitando.
Bebês precisam de atenção constante, alimento a horas certas e proteção
carinhosa. Felizmente Samuel possui a ternura na medida certa para conquistar
Glória e ser o pai-mãe dela.
Seu sorriso
de dentes brancos brilhantes, estatura de gigante, carisma natural e cara de
gente boa, atraem a atenção solidária de Bernie (Antoine Bertin), que simpatiza
com o pai atrapalhado, que não fala inglês e acolhe a dupla perdida.
Até emprego
de dublê no cinema ele arranja para Samuel. Torna-se o melhor amigo e protetor
de pai e filha. O fato dele ser gay não interfere na relação com Samuel, que
não é preconceituoso e sabe ser grato a quem lhe estende a mão.
É divertido
ver o apartamento que Samuel inventou para a filha, um verdadeiro parque de
diversões, que se torna o cenário do crescimento de Glória (Gloria Colston, um
encanto de atriz). Os dois são “unha e carne”.
Samuel não
desiste de procurar a mãe de sua filha na internet e inventa uma história
maluca sobre a identidade da desaparecida, que convence a menina de não ter
perdido a mãe para sempre.
Mas aos
oito anos de convivência feliz, a mãe de Glória reaparece novamente do
nada e quer a filha. Assim como abriu mão dela sem explicações, reaparece
exigindo exercer sua função de mãe. Isso mexe com a dupla e exige uma posição
firme de Samuel.
O filme é
uma refilmagem de um filme mexicano, “No se aceptam devoluciones” (2013) e
parece que o diretor Hugo Gélin, em seu segundo longa, conseguiu melhorar a
história e o clima do filme no qual se baseia. Levou milhões de franceses e
alemães ao cinema.
Ternura,
bom humor e uma lágrima vão conquistar também os brasileiros. E com razão. Só
os mais implicantes vão torcer o nariz. Os outros vão sair do cinema
emocionados.
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