Direção:Ceyda
Torun
Istanbul,
capital da Turquia, é uma cidade antiga e mágica. Debruçada sobre o mar,
acolhe-o quando ele avança pelo estreito de Bósforo, que liga o Mar Negro ao de
Marmara.
Já foi
chamada Constantinopla e Bizâncio. Foi sede de vários impérios ao longo dos
séculos. Gregos, romanos e venezianos estiveram por lá.
A cidade é
dividida em duas e uma ponte movimentada liga a Europa à Ásia, nessa cidade que
se estende em dois continentes.
A imagem
inicial do documentário “Gatos” é uma bela visão panorâmica da cidade, vista do
alto. Vemos o mar, os prédios antiguinhos, as ruas estreitas e as
impressionantes Mesquita Azul e Hagia Sophia.
Mas a
câmara desce e passa a se interessar por uma outra população: os gatos de rua
de Istanbul.
E um dos
amigos de felinos, resume numa frase o que muitos dos habitantes da
cidade acham sobre esses animais:
“- Os
cachorros pensam que os humanos são Deus mas os gatos sabem que as pessoas são
executoras da vontade de Deus.”
E, por essa
e por outras, os gatos de rua de Istanbul não são seres abandonados. Eles andam
com graça e majestade pelas ruas e telhados, no meio das pessoas. E vemos como
são acariciados, mimados e bem-vindos pelos humanos que eles escolhem.
Ao longo
das histórias de alguns gatos e seus guardadores, a câmara vai mostrando não só
os bichanos e sua vidinha boa e livre, mas como são aqueles que dão voz a seus
gatos.
A diretora
Ceyda Torun, nascida em Istambul e vivendo agora nos Estados Unidos e o
fotógrafo do documentário, Charlie Wuppermann, assumidos amantes de felinos,
mostram um outro lado da cidade através dos gatos e das pessoas que os acolhem,
alimentam, levam no veterinário, sem jamais deixar de respeitar sua
privacidade. Ou seja, os gatos de Istanbul são livres para ir e vir e são
recebidos com portas e janelas abertas.
“- Eles
absorvem a energia negativa” diz uma dona de loja. “Me fazem bem”, acrescenta
ela.
Outro,
conta como se curou de uma crise de depressão quando começou a cuidar dos gatos
que apareciam para ele:
“- São a
minha terapia.”
Quem gosta
de gatos vai adorar os “closes” dos focinhos e dos olhos sedutores e ternos, os
pulos incríveis, as correrias e mesmo a braveza de alguns deles que não
permitem invasões de seu território por outros gatos.
Para não falar
dos gatinhos, acabados de nascer e mamando em suas mães pacientes e sempre
atentas e, quando crescidinhos acompanhando a mãe nas explorações do ambiente
onde vão viver.
Mesmo um
pai gato aparece cuidando de uma ninhada.
Mas até
quando? O documentário alerta para o perigo que ronda esses gatos, que passeiam
hoje livres pelas ruas de Istambul e isso desde o Império Otomano. Istanbul
cresce, as ruelas somem, prédios enormes são construídos no lugar onde existiam
casas, seus velhos muros, quintais e telhados.
Feitos para
a liberdade, talvez esses gatos desapareçam ou quem sabe, dada a sua esperteza,
consigam sobreviver.
Porque onde
os humanos não veem, existem os esconderijos secretos e os lugares impossíveis
onde se acomodarão os enigmáticos felinos para meditar e velar pela sua bela
cidade, como fazem desde há muito tempo.
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