Direção:
Terrence Malick
“- Pensei que a gente podia continuar se virando de canção em canção, de beijo em beijo...”, diz uma das personagens.
Aqui, tudo
é um longo “flashback” de três: Faye (Rooney Mara) que diz a frase
que dá título ao filme, é uma novata que quer ser cantora e compositora, mas
que trabalha como corretora de imóveis; dois homens, Ryan Gosling, o BV, é
compositor, bom caráter, que está próximo do sucesso e Cook (Michael
Fassbender), um milionário produtor musical, mau caráter, exibicionista, que
gosta de fazer pessoas sofrer. Os dois são amigos e se envolvem com Faye.
Outros
personagens vão aparecer como Rhonda (uma comovente Natalie Portman), moça
simples que confundiu casamento com felicidade, Amanda (a bela Cate Blanchett),
caso de BV e Zoey (Bérénice Marlohe), que tem um namoro breve com Faye. Todos
eles marcados por uma tristeza existencial. Belos e infelizes.
Como o
filme se passa em Austin,Texas, lugar de grandes festivais ao ar livre de
músicas de todas as tendências, astros de verdade aparecem em pontas como Iggy
Pop, Val Kilmer e Patti Smith, que faz uma participação importante, cantando e
funcionando como uma espécie de conselheira de Faye sobre o amor. Ela está
fascinante, passando uma verdade singela em suas falas, com uma autoridade
indiscutível.
Belas
imagens de Emmanuel Lubensky, o mago da fotografia. A câmara se aproxima e se
distancia dos atores que não param de se movimentar. Há uma coreografia de
corpos que falam de uma excitação, enquanto a narração é em “off”. Cada um
deles vai sendo conhecido por essas falas, que são confissões íntimas.
De um jeito
ou de outro, cada um dos personagens acaba sofrendo em consequência de seus
atos.
Mas há
também uma desilusão saudável em Faye e BV, que são os únicos que conseguem
conviver, finalmente, com a realidade da pessoa que o outro é. Isso inclue
parceiro e familiares. E, para chegar aí, há que sofrer com a perda do sonho
infantil de uma vida para sempre feliz, sem obstáculos nem conflitos. E
aceitar-se como são.
O retorno a
uma vida simples, encarando a verdade e compartilhando os momentos bons que
fazem esquecer os maus, parece ser a saída da busca existencial vivida por
todos os personagens.
E as poças
de água lá no alto das pedras do deserto é o lugar de purificação, de
misericórdia e perdão. O casal se une e encontra a paz.
“- Não
quero parar de amar você.”
Diretor e
roteirista, Terrence Malick não faz apenas um cinema estético. Ele ensina
lições sobre a natureza humana. E, dessa vez, de uma maneira menos filosófica e
mais realista.
Tenha
paciência, junte as imagens como se fossem peças de um quebra-cabeças e
aproveite essa viagem.
É muito agradável, mas é um pouco confuso. Terrence Malick é um daqueles diretores que ou se ama ou se odeia. Sua estética apurada, de linguagem rebuscada e muito existencialismo conquista o público com a mesma intensidade que o afasta, e um exemplo dessa relação de amor e ódio é seu novo trabalho DE CANÇÃO EM CANÇÃO, que novamente traz um elenco estelar com Michael Fassbender, Ronney Mara, Ryan Gosling (Do óptimo Novo Filme Blade Runner 2049 ), Natalie Portman e ainda conta com várias outras participações mais do que especiais, que falaremos mais a frente. DE CANÇÃO EM CANÇÃO é a prova de que o talento contemplativo e filosófico de Malick pode abordar vários temas e tomar várias formas, afinal, não importa o que façamos ou como vivamos – a reflexão sempre será necessária. Nossa existência depende disso, pois assim como disse o filósofo francês René Descartes no livro O Discurso do Método de 1637: “Desde que eu duvide, eu penso; porque eu penso, eu existo”.
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