“Um Homem Chamado Ove”- “En Man Som
Heter Ove”, Suécia, 2015
Direção: Hanes
Holm
Ele viveu um tempo de delicadeza com
sua amada e, agora que faz seis meses que ela se foi, nada mais tem sentido
nesse mundo.
Ove (Rolf Lassgard, ator
convincente), um sisudo sueco aposentado à força aos 59 anos, todo dia vai levar
rosas no túmulo de sua mulher, a professora Sonja (Ida Engvoll). Conversa com
ela em voz alta, acaricia a pedra e um dia chega a se deitar ao lado dela, em
sua morada no cemitério:
“- Quero que saiba. Sinto falta de
você.”
Em “flashbacks” vemos cenas da
infância de Ove, que perde a mãe muito cedo e não sabe o que fazer para agradar
ao pai, muito tímido, que ama seu filho mas não é de demonstrações de afeto.
Falam sobretudo sobre carros, o sueco SAAB, pelo qual o pai é apaixonado. Ele
trabalha nos trens e Ove herda seu posto quando o pai sofre uma
tragédia.
Apesar do jeito caladão quando jovem,
Ove sente falta da companhia do pai e, enlutado, sofre dentro de um vagão de
trem. Mas, quando vê sentada à sua frente uma moça de sapatos vermelhos e olhos muito
azuis, seu mundo cinzento ganha cores. Ele vive para satisfazer seus desejos e
ela, que é professora, estimula Ove a formar-se em
engenharia.
Enfrentam juntos as dificuldades que
aparecem e estão felizes.
Mas a felicidade um dia acaba quando
uma doença fatal leva Ida. E Ove tranca-se numa cara fechada, olhar frio, jeito
implicante e resmungão.
Ele é chefe da associação de
moradores do condomínio onde mora e todo dia faz uma inspeção rigorosa de tudo,
anotando as coisas erradas com especial mau humor.
Uma gatinha de olhos muito azuis
teima em aparecer para ele mas, apesar de salvá-la de um apedrejamento, bate o
pé e faz a bichana fugir:
“- Suma!”
Só que gatos não desistem com
facilidade e veem o que os outros vizinhos de Ove não querem ver. Ele é um
solitário, em busca de companhia.
Para resolver essa situação de vida
vazia, sem Sonja, Ove resolve tomar uma decisão drástica. Quer
morrer.
E quando chegam novos vizinhos, uma
iraniana grávida (Bahar Pars), com duas filhas e um marido desajeitado, sua
primeira reação é expulsá-los de sua vida como fez com a gatinha. Mas, mesmo
mergulhado em sua raiva gelada, num luto fechado, Ove vai ter uma experiência
que poderá tirar de sua vida aquele amargor que sente desde muito tempo, quando
sua mãe se foi.
Gata no colo, visita o cemitério para
contar seus planos para aquela que ele amou com todas as suas forças. Abre-se
para a vida.
Ove, vivido pelo grande ator Ralf
Lassgard, conquista o público com seu jeito bravo tragicômico. Torcemos para que
ele não se mate e viva a ternura que ele tem para dar e receber de
volta.
O filme foi indicado ao Oscar de
melhor filme estrangeiro e maquiagem/penteado. É de praxe nessa categoria
premiar uma maquiagem realista: o envelhecimento de Ove, que aliás parece bem
mais velho que os 59 do subtítulo. O roteiro foi adaptado de um bestseller que
vendeu 700.000 exemplares no mundo todo, de Fredrick
Backman.
Um filme que trata de assuntos sérios
com bom humor.
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