segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Moonlight - À Luz do Luar


“Moonlight: à Luz do Luar”- “Moonlight”, Estados Unidos, 2016
Direção: Barry Jenkins
Ele é negro, pequeno e assustado. Todos o chamam Little. Mas seu nome é Chiron (Alex Hibbert). Vive com a mãe drogada, Paula (Naomi Harris)
Se não fosse aquele homem negro, grandão, todo enfeitado de ouro, que passeia num Cadillac azul antigo e salva Little dos garotos da escola que, sentindo sua fragilidade, se aproveitam para maltratá-lo, não saberíamos o que seria daquele menino. Calado, ombros caídos, ele é a imagem da necessidade de sustentação.
E Juan (Mahershala Ali, magnífico), o grandão de dentes com capa de ouro, brincos e um lenço negro amarrado na cabeça e que vende drogas, põe Little sob sua proteção. Conversa com ele, faz perguntas e como Little não responde, leva ele para comer na casa da namorada Teresa (Janelle Monaé):
“- Você não fala nada, mas come muito, ein?”diz rindo Juan.
E, finalmente o garoto se abre:
“- Meu nome é Chiron mas as pessoas me chamam de Little.”
“- Vive onde?”
“- Miami, Liberty City.”
“- Com sua mãe? “
Little acena com a cabeça. “- E seu pai? “
Silêncio. E ele vai dormir ali pela primeira de muitas vezes. Teresa sempre será um abrigo para Chiron, quando sua mãe não o quer por perto.
E Juan, que veio de Cuba, faz o que aquele menino sem pai nunca tinha feito. Leva ele para aprender a nadar no mar.
“- Eu te seguro. Você relaxa.”
 Assim, com a câmara boiando a seu lado, numa bela cena, começa o resgate de Chiron. Juan tinha tido uma vida parecida. Mãe drogada. Em seu peito amplo, Chiron podia se sustentar.
Mas os meninos do colégio continuam a perseguir Chiron. Ele não reage. Mas sentimos que a raiva está se acumulando naquele corpo magro.
Kevin, o único colega que se aproxima dele, dá uma força e ensina a lutar:
“Você precisa ser mais duro.”
E é com Kevin que Chiron (Ashton Sanders) vai ter uma experiência afetiva, fumando maconha, quando já é um adolescente. Não se trata simplesmente de sexo. Vemos uma carência enorme que começa a poder ser preenchida. Depois de Juan, que funcionou como um pai, Kevin é seu primeiro amigo.
E, quando tudo que foi acumulado de desgosto e raiva explode com fúria, Chiron vai ter que passar por uma prova difícil e vai se tornar Black.
Juan foi o Blue porque uma mulher disse que ele ficava azul ao luar. Chiron vai ser Black (Trevante Rhodes) até poder abrir seu coração.
Numa estrada ao luar, num Cadillac preto, ao som de “Paloma”, cantada por Caetano, Chiron nos convence que fez a passagem de sua vida miserável quando criança para uma auto-confiança saudável. Ele também é Blue ao luar. Não sómente Black. E ser triste não é uma doença fatal.
Saímos do cinema comovidos e encantados com a sensibilidade do diretor Barry Jenkins, 37 anos, em seu segundo filme, inspirado na peça teatral “À luz do luar garotos negros ficam azuis”de Taren Alvin McCraney.
“Moonlight”ganhou o Globo de Ouro de melhor filme drama e 8 indicações para o Oscar: melhor filme, diretor, atriz coadjuvante (Naomi Harris), ator coadjuvante (Mahershala Ali), fotografia, roteiro adaptado, edição e trilha sonora.

Excelente. “Moonlight” tem um brilho sublime.

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