“Lion – Uma Jornada para Casa”- “Lion”, Estados
Unidos, Austrália, Reino unido, 2016
Direção: Garth Davis
Sobrevoamos montanhas, desertos e praias. O
mundo de paisagens diferentes em que vivemos. Estamos em 1986 e o contato entre
lugares distantes é difícil. Ainda não havia a ideia de globalização que hoje
vivemos com naturalidade, com nossos IPhones e computadores dotados de um poder
de comunicação desconhecido nessa época.
Logo somos apresentados a dois meninos
indianos. Guddu, o maior (Abhishek Bkarate) e o menor, Saroo, (Sunny Pawar, a
melhor surpresa do elenco), que se divertem juntos. Moram com a mãe (Privanka
Bose) e a irmãzinha ainda bebê, numa casa pobre, em uma aldeia minúscula na
India rural. Mas há riqueza de afeto naquele lugar.
Desce a noite e a mãe e o filho maior saem para
sua segunda jornada de trabalho numa pedreira. E Saroo, que deveria ficar em
casa cuidando da irmã, implora tanto a Guddu que o leve junto com eles, que o
irmão cede.
Mas não dura muito o fôlego do pequeno e Guddu
tem que levar ele nas costas. Arrepende-se de ter concordado em trazer o
irmãozinho e coloca-o para dormir num banco do depósito da estação de
trem:
“- Não saia daqui até eu voltar”, diz para
Saroo que, adormecido, mal ouve o que o irmão fala.
Quando acorda, horas depois, está assustado e
sozinho. Vaga pelo lugar deserto chamando pelo irmão e acaba entrando num vagão
de trem, onde adormece de novo.
No dia seguinte, o trem em movimento leva Saroo
para o desconhecido.
O longo percurso levará o menino para o sul da
India, Calcutá, uma cidade grande, densamente povoada e perigosa para aquele
pequeno de 5 anos.
A India é um país de dimensões continentais,
com mais de um bilhão de habitantes que falam diferentes línguas e seguem
religiões diversas. Em Calcutá a maioria é hinduísta e fala o bengali. Saroo
veio do norte onde se fala hindi e a religião é a muçulmana. Além de não
entender o que falam, o menino não sabe o nome da mãe e usa uma palavra que
ninguém conhece para dizer de onde veio. Ele vai passar por maus
bocados.
O filme “Lion” baseia-se na biografia de Saroo
Brierley, “A Long Way Home”. E tem dois capítulos: a vida de Saroo aos 5 anos e
depois aos 20, na pele de Dev Patel.
A história real é extraordinária e, num lugar
onde 80.000 crianças desaparecem por ano, Saroo vai ter a sorte de encontrar as
pessoas certas que o adotam como filho na longínqua Tasmânia (Nicole Kidman,
numa interpretação comovente e David Wenham).
Tudo parecia correr às mil maravilhas. Saroo
conhece Lucy (Rooney Mara) e apesar da relação difícil com seu irmão adotivo,
ele é a alegria da família australiana.
Porém, o núcleo afetivo primitivo de Saroo não
o abandona. Reaparece em sonhos e visões, com um forte apelo para ele voltar
para casa.
Essa jornada de volta vai ser mais difícil que
a da vinda. E nós acompanhamos Saroo com o coração apertado.
“Lion” é um filme comovente, com ótimas
interpretações e uma história inacreditável. É o primeiro longa de Garth Davis
que consegue acertar em quase tudo, ajudado pela bela fotografia de Greig
Fraser, que cria imagens poderosas, traduzindo estados de espírito que são
difíceis de ser expressos em palavras.
Quem é sensível vai derramar
lágrimas.
“Lion” foi indicado a melhor filme, melhor
atriz coadjuvante (Nicole Kidman),
melhor fotografia, melhor roteiro adaptado e melhor trilha sonora no Oscar
2017.
Amei a fotografía, com tomadas aéreas que deixa uma vontade de conhecer esses países, alguns takes passam com eficiência o ponto de vista de Saroo diante da muvuca de pessoas na Índia e na descoberta do novo e belo paraíso australiano. É interessante ver um filme que está baseado em fatos reais, acho que os melhores filmes baseadas em fatos reais são as melhores historias, porque não necessita da ficção para fazer uma boa produção. Também gostei muito de Dunkirk, não conhecia a história e realmente gostei. Parece surpreendente que esta história tenha sido real, considero que outro fator que fez deste um grande filme foi a atuação do ator Tom Hardy, seu talento é impressionante.
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