Direção: Sandra Kogut
O que será que aconteceu com aquela criança? Está na
portaria de um prédio da zona sul do Rio de Janeiro. É uma menina de uns 5 ou 6
anos e chora desconsolada e muda:
“- Sua mãe me conhece? Você já esteve aqui?” pergunta
Regina, a moradora que tinha seu nome num papel que estava com as crianças. O
irmão da menina sumiu.
Não tem outro jeito. E a menina sobe para o apartamento
de Regina (Carla Ribas, ótima) que mora com a filha de uns 18 anos (Julia
Bernat).
Bem que Regina tenta mas o telefone da Prefeitura não
ajuda. Alguém fala em Conselho Tutelar.
A menina deixada sozinha na cozinha pega algo na
geladeira, cospe e agarra uma banana. Vai para a sala do apartamento e bate no
vidro da janela, sempre chorando. Enrola-se na cortina.
“- Além de fazer xixi no sofá da dona Regina você quer
destruir a casa?” diz brava a empregada que vem ver onde a menina
está.
A menina chora, sentida e
balbucia:
“- Mãe...”
Foge da empregada, desce pela escada de serviço correndo
e joga-se num abraço com um menino, um pouco mais velho do que ela, que está na
portaria:
“- Igor! Onde você tava?”
“- Calma. Eu vou achar ela.”
É o irmão de Rayane, que a mãe também deixou na portaria
do prédio de Regina.
Saem à procura da mãe, perambulando pela cidade
barulhenta. Carros, buzinas , construções. A menina (Rayane do Amaral) grudada
no irmão (Ygor Manuel, maravilhoso). Ele sobe no monumento da praça para
gritar:
“- Ô mãe!”
Mas acabam voltando para o prédio. O menino tem certeza
de que a mãe vai voltar. Mas quando?
“Campo Grande”, dirigido com sensibilidade por Sandra
Kogut, emociona. Mostra o desamparo de Regina frente a uma situação que ela não
consegue resolver e que a angustia:
“- Você está assim porque não sabe cuidar das
pessoas”.
E Regina, que está divorciada e que tem que sair do
apartamento porque a filha vai morar com o pai, tem que ouvir de
Lila:
“- Você quer que eu fique morando com você para não sair
desse apartamento.”
E a maior parte do filme passa-se na procura da mãe das
crianças por Igor e Regina, depois que a menina foi colocada num Abrigo. Os dois
vão até Campo Grande onde o menino diz que a avó e a mãe
moram.
Ela, que no começo estava apenas irritada com
aquele menino, vindo não se sabe de onde
e que só dava trabalho, vai mudando de atitude.
Na verdade, passa a admirar aquela criança que ama a
irmãzinha, adora a avó e que procura desesperadamente a mãe. Regina está só e
não tem ninguém para procurar. Com Igor ela começa a pensar sobre sua
solidão.
Assim, ao longo do filme vemos a aproximação da garota
Lila com sua mãe Regina. E uma transformação, de uma mulher quase feia e
desleixada, para uma outra que tem o cabelo penteado e um brilho amoroso no
olhar.
Tanto o menino Igor cantando a música predileta da avó,
quanto Regina repartindo um sanduíche com a filha e dormindo depois juntas, são
cenas que colocam lágrimas incontroláveis no nossos olhos. Não tem como escapar
da emoção.
“Campo Grande” é uma surpresa e
tanto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário