Direção: Afonso Poyart
Quando o crime se apresenta com uma razão humanitária,
ficamos na dúvida em condená-lo?
Essa é a premissa básica de “Presságios de um Crime”,
filme que tem uma história que sugere que um “serial killer” pode não ser um
psicopata mas um consolo (“solace” em inglês).
E quando o roteiro ainda traz um médico vidente que
trabalhou muitos anos para o FBI, até que se isolou do mundo, por causa da morte
da filha, temos um filme de suspense e mistério que prende o
espectador.
O agente do FBI Joe Merriweather (Jeffrey Dean Morgan),
que é amigo do dr John Clancy (Anthony Hopkins, ótimo ator, que leva o sorriso
do dr Lecter por onde vai), tenta trazê-lo para investigar os crimes de um
“serial killer”, que não deixa pistas e que tem uma estranha assinatura: os
assassinados, que não tem conexão aparente, morrem mortes indolores, sem
sofrimento.
A psiquiatra Katherine, interpretada pela australiana
Abbie Cornish, não acredita no vidente até ter provas de que ele conhece tudo
sobre a vida e a morte dos que entram em contato com
ele.
Ninguém sabe que John Clancy tem um segredo, que
teme ser revelado. Por isso se isolou no campo. Mas
ninguém foge do que é. E do que fez.
O assassino (Colin Farrell) vai brincar de gato e rato
com o FBI, visando justamente o dom do dr Clancy. Parece que ele também adivinha
o que John vai ver em suas visões, que são o ponto forte desse
filme.
O brasileiro de Santos, Afonso Poyart, é o diretor do
filme e foi chamado para Hollywood por causa de “Dois Coelhos”(2012), muito
elogiado pela crítica.
Aqui, ele mantém sua câmara nervosa, participando da
ação muito de perto. E cria as visões do médium com uma beleza de cores e
detalhes originais que enriquecem a trama misteriosa. É um visual de estética
contemporânea, que apela para o sensual mas não esquece do atrativo do sangue
fresco. Tudo rodado em câmara lenta ou muito rápida, desdobrando os personagens
na tela por causa do elemento tempo, importante nas visões do
médico.
O roteiro contou com a participação de vários nomes
porque, a princípio, deveria ser uma continuação de “Seven”. Engavetado, foi
trazido à luz pelos que assinam a história e os diálogos: Sean Barley, Ted
Griffin com toques de Jamie Vanderbilt e
Peter Morgan.
A edição do filme, realizada com brilho pelo também
brasileiro Lucas Gonzaga, é um requinte a mais.
Mas “Presságios de um Crime”, rodado em 2013, não foi
bem distribuído, só chegando agora aos nossos cinemas e sem estreia nos Estados
Unidos.
Vamos seguir a carreira de Afonso Poyart e torcer para
que ele emplaque outros bons filmes em sua passagem por
Hollywood.
“Presságios de um Crime – Solace” é um bom
entretenimento.
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