Direção: James Vanderbilt
O pano de fundo dessa história real, acontecida há 11
anos atrás, é a reeleição de George W. Bush em 2004, para a presidência dos
Estados Unidos. E tudo se passa com a equipe de repórteres do mais famoso
programa de notícias da TV americana, o extinto “60 Minutos” da CBS, que tinha
na época como âncora, Dan Rather (Robert Redford).
O filme, adaptado do livro “Truth or Duty - The Press,
the President and the Privilege of Power”, da ex-produtora da CBS News, Mary
Mapes, conta a história do ponto de vista dela (Cate
Blanchett).
Um dos repórteres da equipe que produziu a reportagem
com a notícia-bomba que o presidente Bush teria escapado do serviço militar para
não ir para o Vietnã, conta que a produtora Mary Mapes se inteirara de tudo isso
em 2000 mas que a produção do programa não foi para a frente porque Mary perdeu
sua mãe naquela época. Recordem vocês que foi nesse ano a eleição de George W.
Bush que concorria com Al Gore para a presidência.
Tudo se baseava em conversas e documentos que Mary
conseguiu de sua fonte, que davam conta de que, embora alistado na Guarda
Nacional nos anos 70, Bush não fora avaliado por não estar presente em nenhuma
das ocasiões em que foram feitas tais avaliações. Ora, esse tratamento
diferenciado, que não só Bush mas outros rapazes ricos conseguiram, era uma
blindagem para tirá-los da lista dos que iriam lutar na
guerra.
Era um escândalo para os americanos cujos filhos
morreram ou voltaram estropiados física e mentalmente dessa guerra, onde o país
fora derrotado pelo povo vietnamita. E tudo isso a meses da pretendida reeleição
de Bush, atual presidente dos Estados Unidos, responsável pela guerra contra o
Iraque.
Desde o recebimento dos documentos até conseguir
produzir o programa, com atestados de especialistas confirmando sua validade,
passaram-se 15 dias. Mas depois da vitória de Mary Mapes, viria um pesadelo que
ela, nem ninguém, poderia imaginar.
Cate Blanchett, 47 anos, dá vida e energia à produtora
do programa da CBS, encarregada de pesquisar notícias, buscar provas e conseguir
fontes seguras, ajudada por uma equipe jovem que ela mesma escolhera: Mike Smith
(Topher Grace) e Lucy Scott (Elizabeth Moss). Casada e com um filho pequeno, era
vista como alguém que tivera uma infância difícil com um pai tirano e violento.
E daí sua ligação paternal com o âncora do programa, bem mais velho que
ela.
Dan Rather tinha a responsabilidade de levar a notícia
ao telespectador. Era a cara do programa e confiava em Mary de quem era próximo.
”60 Minutos” gozava de grande credibilidade e era assistido por milhões de
americanos. No filme, Robert Redford , 80 anos, empresta carisma necessário a
essa figura lendária da TV americana.
Como “Spotlight”, o ganhador do Oscar de melhor filme do
ano, que trata de jornalismo investigativo em jornal, “Conspiração e Poder”
retrata o mesmo na TV. Só que aqui há uma derrota.
Mary Mapes foi demitida da CBS com sua equipe e Dan
Rather aposentou-se meses depois. A notícia incomodava o poder e o destino deles
estava selado. Bush ganhou as eleições.
O filme do novato James Vanderbilt tem um ritmo
acelerado e trata de um assunto que não é familiar ao público brasileiro. Assim
mesmo, vale a pena ver a atuação de dois grandes do cinema, mostrando que nem
sempre a verdade interessa aos poderosos.
Aliás, nunca ninguém conseguiu provar que a história
contada por Mary Mapes fosse falsa.
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