Direção: Zhang Yang
A morte é o destino certo de todos nós. Mas é um assunto
do qual muitos fogem, sem perceber que é preciso pensar nela, para que se torne
menos cruel.
O filme do diretor chinês de 48 anos, Zhang Yang
(“Banhos”1999), é uma lição de vida. Seus personagens são velhos, que um parente
próximo internou numa Casa de Repouso e lá foram abandonados, pelas mais
diversas razões.
Então não vamos ver velhinhos “fofos”, nem vamos ouvir
falar de “melhor idade”. Sem eufemismos, vamos entrar em contato com pessoas de
mais idade, na maioria maltratados pela vida, solitários e sem acesso aos
cuidados de profissionais que fazem retardar os efeitos do envelhecimento.Contam
consigo mesmo e com os outros que moram junto a eles (o ótimo elenco tem de 55 a
92 anos).
A história começa com a chegada do senhor Gê (Xu
Huanshan) na casa de repouso onde vive seu amigo, o senhor Zhou (Wu Tiang-Ming)
que, tempos atrás, fora seu colega de trabalho como condutor de ônibus. Zhou é
um velho enérgico e criativo, que inventa espetáculos para distrair seus
companheiros.
Ele interfere junto à enfermeira-chefe e, apesar da casa
estar lotada, arranjam uma cama para o senhor Gê, que acaba de perder sua
segunda esposa e não tem para onde ir, já que o lugar onde morava pertencia aos
filhos da falecida.
O senhor Gê vive uma situação complicada com o filho de
seu primeiro casamento. Não se falam por causa de velhas mágoas.
Tudo isso o senhor Gê conta em lágrimas para o amigo
Zhou, que tenta consolar o desolado pai rejeitado.
E é a postura do senhor Zhou, frente à própria morte,
que vai levar alguns dos velhinhos da casa, inclusive o senhor Gê, para uma
aventura fascinante, que será o projeto que vai tirá-los de um fim de vida
amargurado.
Sabendo que está gravemente doente, o senhor Zhou
convida quem quiser, e puder, para ensaiar com ele um esquete, pequena cena
engraçada, que seria apresentada num concurso televisionado para todo o país.
Esse é seu último desejo. E confessa ao amigo Gê que gostaria muito de conhecer
o mar.
E, para conseguir chegar na distante cidade onde
acontece o concurso, o senhor Zhou vai ter que inventar muitas estratégias para
manter o plano em segredo e comandar a fuga emocionante dos velhinhos através da
China.
“O Ciclo da Vida” é um filme divertido que comove e faz
pensar com admiração na posição ativa e confiante desse grupo de pessoas,
solidárias umas com as outras, apesar das mazelas e sofrimentos. São todos por
um e um por todos, na vontade de participar do concurso e fazer valer o projeto
em comum.
Afinal, para valer a pena viver, nada melhor que um
projeto. Mesmo que seja a realização de um último
desejo.
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