Direção:
Jean- Marc Vallée
Todo mundo que viveu nos anos 80, sabe que havia um
temido “cancer gay” que dizimou muita gente de uma geração. Depois, descobriu-se
o virus HIV que produzia a doença, a AIDS.
Esse filme é a história do eletricista e cowboy de
rodeio, Ron Woodroof, que teve sua vida virada de cabeça para baixo, quando
escutou, em julho de 1985, o diagnóstico:
“- Seu exame de sangue deu positivo para o virus HIV que
causa AIDS. O senhor usa drogas injetáveis? Tem relações homossexuais sem
proteção?” pergunta o médico.
“- Está brincando? Não conheço nenhum viado! Misturaram
meu sangue com outro (sua fala é recheada de palavrões)”, responde Ron, bravo e
assustadíssimo.
“- Sinto muito. Testamos seu sangue várias vezes”, diz a
médica (Jennifer Garner).
“ - Lamento. Dadas suas condições de saúde, o senhor tem
30 dias de vida. Sugiro que se organize.”
Ele ouve tudo isso e sai
xingando:
“- Não tem nada nesse mundo que mate Ron Woodroof em 30
dias!”
Em pleno estágio de negação da doença e da morte, ele
bebe todas, cheira cocaína e promove orgias em seu “trailler” mas tosse muito e
não consegue levantar-se do sofá. Em sua mente só existe a imagem da folhinha na
parede marcando os 30 dias.
Daí em diante, lembra-se de uma noite fatal e, na fase
de aceitação do diagnóstico, ele procura a médica atrás do AZT, que ele sabe,
através de suas pesquisas, que é a droga que fornecem aos aidéticos em
experimentos financiados pelos laboratórios farmacêuticos que fabricam a droga,
não aprovada ainda pelo FDA.
Implora à médica pelo remédio, oferece dinheiro mas ela
é inflexível e explica que só os doentes que estão no experimento tem acesso à
droga e que, mesmo assim, um grupo toma placebo e outro o AZT. Nem os médicos
sabem quem toma o quê.
“- Então vocês dão pílulas de açucar aos moribundos?”
pergunta sarcásticamente Ron.
E ele segue em frente, montando um esquema pessoal para
obter a droga, que se transforma depois no “Clube de Compras Dallas”, onde os
sócios podiam ter acesso aos medicamentos, contrabandeados do mundo
inteiro.
Seu encontro com o travesti Rayon, que também está
doente, vai mudar seu jeito de ser.
O filme tem uma história real, com atores brilhantes nos
principais papéis.
Mattew McConaughey emagreceu 21 quilos para interpretar
Ron Woodroof. Mas o que ele faz na tela, assusta. É como se ele estivesse mesmo
doente e desesperado. Seu olhar esgazeado lembra o dos touros de rodeio, que a
câmara mostra, antes de entrar na arena. Ganhou o Globo de Ouro e é o preferido
pelos críticos para o Oscar.
Jared Leto impressiona fazendo o travesti Rayon. Sua
feminilidade é de alma, mesmo que vestido com um terno quando visita o pai.
Também foi indicado ao Oscar.
Dois grandes atores, uma história real e exemplar, uma
direção sem frivolidades do canadense Jean-Marc Vallée e um roteiro bem escrito
e seco (Craig Barten e Melisa Wallock, indicados ao Oscar) fazem de “Clube de
Compras Dallas”, seis indicações ao Oscar, um filme
obrigatório.
Mas será lembrado principalmente pela comovente e
corajosa interpretação de seus atores principais.
Impossível não se emocionar com
eles.
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