Direção: Brian
Percival
Quem gosta de ler, sabe como um bom livro é uma
excelente companhia. Com ele na mão, esquecemos as horas e ampliamos nossos
horizontes.
“A Menina que Roubava Livros” é uma
adaptação para o cinema, do livro do australiano Markus Zusak, de 2006. O
roteiro de Michael Petroni conseguiu recriar o clima que o autor do livro, lido
por milhares de pessoas, imaginou.
É uma história contada pelo anjo da
Morte (na voz de Roger Allan) que, ao buscar um menino num trem, na Alemanha de
1938, se sente atraído pela irmã, que ele poupa. Ela será a protagonista da
história.
É o ano da nefasta "Noite de Cristais",
que prenunciou o que viria a ser o Holocausto. Em seguida vem a Segunda Guerra e
muitos vão conhecer a morte de perto. A intenção do autor do livro parece ser a
de mostrar como a guerra é dura e cruel para todos que passam por ela, seja de
que lado estejam.
Liesel Meminger (a canadense Sophie
Nélisse) vai ser adotada por um casal de alemães, já que sua mãe verdadeira é
comunista e, perseguida, não pode ficar com os filhos.
O primeiro roubo de Liesel não é
exatamente um roubo. A menina pega do chão, um livro que caíra do bolso do
coveiro, durante o enterro do irmão dela. Ela o guarda consigo, apesar de não
saber ler, aos 10 anos de idade. O livro torna-se a única coisa que ela possui e
uma lembrança da vida com o irmão e sua mãe.
Levada à casa dos Hubermann, Hans e
Rosa, Liesel vai sofrer perguições na escola porque não sabe ler, diferente dos
outros alunos. Mas ganha um amigo, Rudy Steiner (Nico Liersch, adorável). Ele é
bonito, tem cabelos claros e é apaixonado por corridas e Jesse Owen, americano
negro que ganhou as Olimpíadas de 1936 na Alemanha, para o horror dos nazistas
que projetaram um espetáculo que mostrasse ao mundo a superioridade
germânica.
O pai adotivo, interpretado com doçura
e humor por Geoffrey Rush, vai ensinar Liesel a ler, começando pelo “Manual do
Coveiro”, o livro que ela trouxera consigo para a sua nova casa. No porão, ele
pinta o alfabeto e incentiva Liesel a escrever as palavras que vai
aprendendo.
A mãe (Emily Watson), aparentemente
rude e fechada, mostra para Liesel um lado que luta pela sobrevivência,
preocupada que ela é com a alimentação daquela pequena família, que cresce
quando acolhem em segredo o judeu Max (Ben Schnetzer).
Liesel e Max se tornam amigos e ela lê
para ele nos momentos difíceis, em que o porão gelado é seu único refúgio. E
rouba livros da biblioteca do prefeito e até mesmo de uma fogueira
nazista.
A fotografia é bela e usa cores neutras
que realçam as suásticas e o medo que elas impunham, o vermelho no fogo das
lareiras e nas bombas caindo e o branco cobrindo a aldeia no inverno. Fica na
nossa retina a linda cena no lago com a floresta de
outono.
O diretor, Brian Percival, mais
conhecido pela série da TV “Downton Abbey”, faz o seu trabalho sem grandes
novidades e a trilha sonora, indicada ao Oscar 2014, é do maestro John Williams
(“A Lista de Schindler”), que acrescenta mais emoção às cenas que mexem com o
coração.
“A Menina que Roubava Livros”, sem ser
nada de excepcional, faz um elogio à amizade, emociona e ensina que um bom livro
faz milagres, ajudando a sobreviver a acontecimentos
difíceis.
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