Direção: Ryan Murphy
No portão alto dos estúdios ACE uma pequena multidão se
acotovela exibindo seu melhor sorriso. Todos ali aspiram a um lugar na tela do
cinema, onde as estrelas brilham. E por que não? Mas somente alguns serão
escolhidos pela nada simpática encarregada do elenco.
“Hollywood” é uma série Netflix que se passa nos anos 50 e
conta a história de cinco personagens, todos aspirantes a estrelas, que vão
mostrar se tem o talento e a sorte de ver realizado seu sonho.
O bonitão Jack Castello (David Corensweet) que havia voltado
da guerra há pouco tempo, não tem um tostão e vai ter que encarar ser frentista
no posto de gasolina de Ernie (Dylan McDermott), onde os rapazes mais bonitos
da cidade prestam também outros serviços a quem puder pagar. Uma delas é a
poderosa Avis Amberg (Patti Lupone), mulher do dono dos estúdios ACE, que vai
ser importante na vida dos jovens aspirantes.
Já para Archie (Jeremy Pope), jovem e talentoso roteirista,
o problema era a cor da pele e sua preferência sexual. Naqueles anos 50 o
racismo era especialmente cruel no “showbusiness”. Mesmo um mestiço filipino,
Ray Ainsley (Darren Cris) tem que esconder esse segredo para ser aceito.
E uma bela garota negra, Camille (Laura Harrier), apesar de
ser excelente atriz, só era escalada para interpretar empregadas domésticas.
Já outro dos preconceitos da época escondia uma farsa, o
machismo, que proibia qualquer tipo de sexualidade que se afastasse do “papai e
mamãe” nos filmes. O público era levado a crer que “aquilo” não existia em
Hollywood, quando a verdade era bem outra.
E o filme ilustra o sofrimento que essa mentalidade causava
através de Jake Picking, na vida real Rock Hudson, que se apaixona por um dos
frentistas de Ernie e encara o preconceito. Se bem que essa é uma licença
poética da série porque o grande Rock Hudson nunca pode viver livremente sua
sexualidade como o filme mostra. O público só veio a saber da verdade pelo
próprio ator quando ele estava no fim da vida com AIDS.
A produção de arte é perfeita. Todos os atores excelentes,
locações e figurinos seguindo bem o espírito da época. E, apesar de não manter
o ritmo nos capítulos intermediários, o começo e o fim de “Hollywood” fazem por
merecer que a série seja apreciada por todos que amam o cinema americano.
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