quarta-feira, 27 de maio de 2020

Elizabeth: A Era do Ouro



“Elizabeth: A Era do Ouro”- “Elizabeth: The Golden Age”, França, Reino Unido, 2007
Direção Shekar Kapur

As mais conhecidas histórias da Inglaterra contadas em filmes devem-se ao rei Henrique VIII (1491-1547), por causa de seus inúmeros casamentos e da briga com a Igreja Católica.
O primeiro com a espanhola Catarina de Aragão, viúva de seu irmão, muito católica, deu-lhe cinco filhos, dos quais sobreviveu apenas Maria, depois Maria I.
Não conseguindo que o Papa anulasse esse casamento que não lhe dera herdeiro homem, o rei decretou uma separação da Igreja Católica, fundando a Igreja Anglicana, baseada na Reforma de Lutero, da qual era o chefe.
E casou-se com a nobre inglesa Ana Bolena, com quem teve uma filha, Elizabeth (1533-1603). Podemos imaginar o sofrimento dessa pobre criança que tem sua mãe decapitada por um não provado crime de traição e incesto. Seus direitos ao trono foram retirados. A corte lhe é hostil.
Esse começo de vida atribulado vai influenciar a personalidade da menina que se retira da corte e passa a infância e a adolescência estudando em Cambridge. Voltou só em 1544 quando seus direitos ao trono foram novamente reconhecidos.
Morto Henrique VIII em 1547, foi sucedido por Eduardo VI, filho do terceiro casamento do rei com Jane Seymour, que morreu jovem e Mary I, filha de Catarina de Aragão, que fez o catolicismo voltar à Inglaterra. Seu reinado foi sangrento.
Foi destronada por Elizabeth I em 1558, que instaura a volta ao anglicanismo e será odiada pelos católicos.
Nas primeiras cenas do filme vemos uma menina vestida de rainha ser apresentada à multidão. É Mary, rainha da Escócia, prima de Elizabeth I, apresentada ao povo por Felipe II, rei do maior império da Europa, a Espanha.
A história de Elizabeth volta a ser contada pelo filme. Ela tem 25 anos e um temperamento de líder. E se sente ameaçada por Mary Stuart, rainha da Escócia e viúva do rei da França, François II, que nunca havia renunciado a seu direito ao trono inglês e que estava voltando para a Inglaterra.
Mary Stuart é filha do falecido rei da Escócia Jaime V e da irmã de Henrique VIII, Marie de Guise. Ela considerava a filha de Ana Bolena como bastarda, já que o casamento de seus pais não fora realizado com a benção da Igreja Católica.
Durou vinte anos o embate entre a bela Mary Stuart e a Rainha Virgem, como era conhecida Elizabeth I. A história das duas primas foi longa e terminou de maneira cruel. Trocaram cartas mas nunca se viram.
Cruel também foi Elizabeth para si mesma ao renunciar à paixão que sentia por Sir Walter Raleigh, optando pela felicidade de sua dama de companhia Bess, sua preferida e confidente.
E Elizabeth obrigou-se a renunciar ao amor de um homem e de um filho porque se sentia insegura e perseguida. Não queria ter dono. Queria ser ela mesma. Dedicou-se a servir seu povo e governar.
Elizabeth I, a rainha que trouxe para a Inglaterra um período de paz, prosperidade e riqueza, foi seu próprio mestre.
Cate Blanchet interpreta com uma sinceridade comovente o papel dessa rainha que tinha o poder e só lá no fundo sabia da dor da solidão que a acompanhava.
Esteticamente bem elaborado tanto nas locações, quanto nas cenas de batalhas em terra e no mar, o filme é suntuoso. E os figurinos são um show à parte. A escolha das cores e dos toques de contemporaneidade dos trajes da corte, tanto masculinos quanto femininos, demonstram competência e criatividade.
Uma história real contada com brilho e beleza.


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