Direção:
Sam Mendes
A Primeira
Guerra Mundial era para ser aquela que terminaria com todas as guerras. Era
chamada de “A Grande Guerra”. Ingenuidade ou malícia? Pois foi a mais cruel.
Aos 19 milhões de soldados mortos e 31 milhões de feridos, acrescentam-se 13
milhões de civis que perderam a vida.
E “1917”, o
filme do talentoso diretor Sam Mendes (“Beleza Americana”), tem um jeito
impressionante de nos colocar dentro desse cenário de estonteante perigo e
horror.
Numa longa
sequência que parece sem cortes, bem sucedida tecnicamente por Roger Deakins,
estamos aprisionados na tela. Para causar sensação ou fazer com que o público
reflita sobre a guerra?
De qualquer
modo é impossível não ficar horrorizado com o que se passa na frente de nossos
olhos, num ritmo alucinante depois de um início idílico, mostrando as flores do
campo naquele primaveril mês de abril de 1917.
Quando o
soldado Blake (Dean-Charles Chapman) é chamado no acampamento inglês, por ordem
do general, vem acompanhado do soldado Schofield ( MacKay). Os ingleses estão
tranquilos. Prece que os alemães se retiraram e o final da guerra está próximo.
Mal sabem o que os espera.
O General
(Colin Firth) envia os dois rapazes numa missão urgente. Para salvar o
batalhão, onde luta o irmão de Blake, precisam entregar uma carta a um certo
Coronel Mackenzie (Benedict Cumberbatch). Se assim fizerem, 1.600 soldados
estarão livres de uma armadilha mortal.
E o
pesadelo começa. Os dois soldados caminham pelas trincheiras apertadas, onde já
se pode ver mortos e feridos. E ainda não começou.
Saem das
trincheiras e caem num lamaçal que esconde em suas entranhas corpos semi
enterrados e cavalos que já apodrecem, chamando moscas. O silêncio é sepulcral.
Aumenta o terror de ver os soldados e ver o que eles veem.
Quando
chegam às trincheiras alemães abandonadas, se espantam com a qualidade do
trabalho e quando adentram os túneis subterrâneos, com beliches, ratos enormes
são uma ameaça disfarçada. Explode tudo.
Blake
consegue salvar Schofield mas os dois estão cada vez mais certos de que
os alemães estão melhor preparados do que eles.
A sucessão
de perigos é alucinante. Na terra de ninguém há atiradores que miram e atiram,
sem aparecer, um rio de corredeiras quase acaba com a vida de um dos soldados e
o fogo consome a cidade francesa por onde se tem que passar.
Um
interlúdio de amor e paz une uma mocinha francesa, uma bebezinha sem nome nem
mãe e o soldado inglês.
A música de
Thomas Newman é intermitente, dando lugar a longos silêncios onde ouvimos a
respiração ofegante dos soldados.
Eu me
emocionei até as lágrimas quando acabou. E li na tela negra que o filme foi
baseado nas histórias que o avô de Sam Mendes contou para ele sobre a guerra da
qual participou.
E eu me
perguntei angustiada: quando é que os homens vão acordar para o horror que é
uma guerra? Nada justifica essa carnificina.
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