Direção: Sebastián Borensztein
Ao som de “Danúbio Azul”, de Strauss, que nos traz à memória
o filme “2001- Uma Odisseia no Espaço”, estamos nesse ano na Argentina e
Ricardo Darín explica o que é um “tonto”. Na tradução para o português o termo
mais adequado seria “idiotas”. Então, “giles” são as pessoas que trabalham,
ganham seu dinheiro, pagam impostos e vivem dentro de padrões éticos e são
enganados pelo sistema.
Ora, não só na Argentina de 2001 o povo idiota foi lesado em
suas economias depositadas no banco. Lá chamou-se “corralito”. No Brasil, nos
lembramos do confisco da poupança no governo Collor. E, no mundo inteiro,
pessoas sofreram com as consequências da crise de 2008.
No início do filme vemos uma explosão. Mas só vamos saber o
que foi aquilo no fim.
Aqui, os idiotas se unem para fazer justiça. Revoltam-se
contra o roubo que sofreram.
Mas vamos por partes. A história conta a reunião de amigos
em torno de uma ideia. Com muita persuasão, um antigo jogador de futebol,
Fermín (Darín) idolatrado por um gol histórico, convence seus amigos a juntar
suas economias em dólares para comprar uma fábrica de grãos, fechada por causa
da crise que assola o país. Formariam uma cooperativa. É bom lembrar que
naquele momento, um dólar valia um peso.
Cada um entra com o que tem e chegam a U$153.000, que são
colocados num cofre particular no banco. Fermín vai tentar levantar um
empréstimo para conseguir a soma necessária e comprar a fábrica pelo preço de
U$ 250.000,00. Mas ele não possuía uma conta corrente que permitisse levantar
tanto dinheiro.
E o gerente do banco vem com uma solução. Se ele depositasse
naquele dia mesmo os dólares do cofre, trocados por pesos, o empréstimo seria
concedido certamente. Se não, ficaria muito difícil. Não podia passar daquela
tarde.
Fermín luta com sua consciência, afinal ainda não contara
aos amigos essa solução, mas pressionado pelo gerente que conhecia há 30 anos,
faz o que ele manda.
E, no dia seguinte acontece o “corralito”. Além da
desvalorização do peso frente ao dólar, cada pessoa só pode retirar 250 pesos
por semana da conta corrente.
É fácil entender que tudo isso causou um imenso sofrimento.
Passa o tempo e os amigos convencem Fermín a sair da
depressão em que tinha caído. Ficaram sabendo que o gerente do banco,
mancomunado com um espertalhão que já sabia de antemão o que iria acontecer,
levara todos os dólares que estavam no banco. E para onde foram todos esses
dólares?
É respondendo a essa pergunta que os “tontos imaginam um
plano para vingar-se e recuperar o dinheiro deles.
Produzido pelo próprio Darín e seu filho Chino, ambos
trabalham como pai e filho no filme, o que é uma atração a mais. Além deles o
elenco conta com Veronica Lilnás, que faz a mulher de Darín e mãe de Chino,
Luis Brandoni, o anarquista, a mais rica do grupo, Carmen (Rita Cortese) e
outros. Todos ótimos atores.
O tom é de suspense, de torcida pelos “tontos”, que não
desistem e que vão atrás do prejuízo.
Adaptado do livro de Eduardo Sacheri, “La Noche de la
Usina”, pelo diretor Sebastián Borensztein (“Um Conto Chinês”), contou com a
ajuda do próprio Darín no preparo do texto final.
“A Odisseia dos Tontos” é um produto de qualidade, como
sempre acontece no cinema argentino e vai representar seu país no Oscar 2020.
Amo o cinema argentino!
ResponderExcluirGK