“Euforia”- Idem, Itália, 2019
Direção: Valeria Golino
O dono do apartamento em Roma, requintado e contemporâneo, é
um sucesso. Dois andares, terraço e jardins, sempre bem frequentados por uma
turma “fashion”. Riem muito e gostam de beber e cheirar cocaína.
Matteo (Riccardo Scamarcio), vende suas ideias brilhantes a
peso de ouro. “A beleza protege a beleza” é a última delas, que pretende trazer
cosméticos japoneses para financiar a restauração de um quadro famoso, “Madona
das Hárpias”, que pertence à Igreja Católica.
Mas um telefonema de um médico amigo tira Matteo do ar. Ele
ouve que Ettore (Valerio Mastrandea), seu irmão mais velho, tem uma doença
maligna, um melanoma inoperável no cérebro.
Matteo decide que não vai contar nada para o irmão e vai
trazê-lo para seu apartamento. Aliás, o plano é não contar para ninguém. Nem
para a mãe deles, nem para a mulher do irmão, nem para o sobrinho adolescente.
Quem ele está protegendo com tanto segredo?
São dois irmãos muito diferentes, que não se entendem, nem
são próximos e que tem estilos de vida onde não há nada em comum. Enquanto
Matteo tem os luxos de uma vida de gay rico, Ettore é professor, leva uma vida
modesta, é uma pessoa fechada e agora mora com a mãe, já que está se separando
da mulher Michela (Isabella Ferrari).
Matteo vai bancar todo o tratamento do irmão. Está
assustado. Mas vai demorar para que ele se conscientize de que a euforia de sua
vida com os amigos é uma maneira de não cair em desespero. Ele evita uma
depressão antiga. A situação do irmão vai jogá-lo num terreno que ele não quer
pisar.
O segundo filme da atriz Valeria Golino (o primeiro foi
“Honey”) é considerado por alguns como sendo brilhante. Mas com o brilho de um
diamante falso, acrescentam. Outros, menos severos, reconhecem o valor do roteiro
e da direção.
O que aqueles veem como um filme chic sobre a angústia de
gente mimada, é para outros uma obra que emociona pelas interpretações de todo
o elenco.
Ettore não quer morrer, nem Matteo. Mas ele não pode evitar
o que vai acontecer como sendo um assunto desagradável. Dessa vez vai ser
diferente.
O amor incondicional da mãe de ambos sempre foi para Ettore.
Ser gay tirou de Matteo o primeiro e com ele todo o amor de sua vida. O rapaz
que vive com ele é sua “dama de companhia”. Parceiros são muitos e o sexo é
sempre ocasional. Ele faz que não precisa do que não tem, mas é verdade?
“Euforia” atrai pelo visual belo de uma Roma sempre
fotogênica e o gosto artístico inegável dos italianos. E certamente pela
interpretação emocionante dos dois atores principais, que não cai nunca no
dramalhão.
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