“Parasita”- “Gisaengchung”, Coreia do Sul, 2019
Direção: Bong Joon-ho
Tudo começa num subsolo de Seul onde vive a família Kita-ek,
o pai, a mãe, a filha e o filho jovens, apertados num corredor estreito com
janelinhas no alto que dão para a calçada. Mas não são infelizes nem
dramáticos. Dão um jeito para sobreviver. Se viram.
Lá no alto das escadas que levam para o bairro rico vive a
família Park, pai, mãe, filha adolescente e filho pequeno, mais três cachorros.
Ignoram as agruras da vida. Moram numa casa de um arquiteto famoso, rodeada por
um jardim de árvores bem podadas e gramado impecável. Tem muito dinheiro e
precisam de motorista, cozinheira, tutor para aulas particulares para a filha e
psicóloga para o filho hiperativo. Levam uma vida tediosa mas confortável.
Essas duas famílias, que parecem ser uma o avesso da outra,
vão conviver de forma agradável durante um certo tempo.
Acontece que o amigo universitário do filho da família
Kita-ek dá aulas particulares para a filha da família Park, mas como vai
viajar, recomenda o amigo para substitui-lo. E traz um presente: uma pedra que
assegura saúde material para seu dono. É tudo que a família Kita-ek precisa, já
que estão todos desempregados.
Como o primeiro a se infiltrar na casa dos Park, Kevin, o
novo nome adotado pelo rapaz, traz a irmã, batizada de Jessica, para fazer
terapia através da arte com o pequeno Park.
Daí a colocar o pai como motorista e a mãe como governanta é
um passo rápido e os patrões nem desconfiam das relações de parentesco entre os
empregados da casa.
Os Kita-ek assumem seus postos e novas identidades e desempenham
suas tarefas com competência. Tudo corre bem. As duas famílias desfrutam do
luxo e das sobras desse mundo de riquezas.
Mas isso não vai durar. Outros personagens vivem naquela casa escadas abaixo e vão brigar por espaço e seu quinhão daquela fartura. O que está submerso vai vir à tona.
Mas isso não vai durar. Outros personagens vivem naquela casa escadas abaixo e vão brigar por espaço e seu quinhão daquela fartura. O que está submerso vai vir à tona.
E é só quando entra em cena o conflito que sempre esteve
latente entre os personagens, que “Parasita” se torna um filme que nos faz
lembrar que onde existem os muito ricos e os muito pobres, um dia a casa cai.
E, nesse caso, estamos às voltas com um problema que toca a todos nós.
O diretor e produtor coreano Bong Joon-ho, 50 anos (“Mother”
2009, “Okja” 2017) e Jin Won Ham escreveram o roteiro bem bolado, com humor
negro e também divertido, um misto de comédia e tragédia, com sustos e
reviravoltas que prendem o espectador.
“Parasita” foi laureado com a Palma de Ouro em Cannes e foi
considerado o melhor filme de ficção estrangeiro pelo público da 43ª Mostra
Internacional de Cinema de São Paulo. Agora é batalhar para vencer o Oscar de
melhor filme estrangeiro. Seria bem merecido.
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