“Uma
lição de Amor”- “i am sam”, Estados Unidos, 2001
Direção:
Jessie Nelson
A
imagem do pai de primeira viagem olhando encantado para a filha bebê já nos
comove. E mais ainda quando ele a chama de Lucy Diamond Dawson, por causa da
música dos Beatles, de quem ele é fã. Ouvimos a canção identificados com a
emoção de Sam (Sean Penn, indicado ao Oscar por esse papel).
A
mãe que engravidou porque queria um teto para a sua cabeça e seduziu Sam, foge correndo
das suas responsabilidades na porta do hospital.
E
lá vai ele no ônibus com a bebê no colo. A essas alturas já percebemos que Sam
tem um retardo mental. E sentimos preocupação. Mas, pensando bem, ninguém
nasceu sabendo ser pai ou mãe de um recém nascido. Isso inclui Sam e o resto de
nós.
Felizmente
Annie (Dianne Wiest), a vizinha, dá as primeiras dicas para Sam. E ele aprende,
movido pelo amor que brilha em seus olhos, quando sussurra para Lucy, trocando
a fralda:
“-
Você está linda!”
E
Sam leva a filha por onde ele vai. No trabalho, nas compras de super mercado,
nos passeios no parque e às vezes a deixa com a vizinha, que não sai de casa
porque é agorafobica, isto é, tem medo de espaço abertos.
Lucy
cresce e chega a idade das perguntas:
“-
Pai, Deus quis que você fosse assim ou foi um acidente?”
“-
O que você quer dizer?”
“-
Você é diferente. Mas você e eu somos sortudos, Nenhum outro pai vai no parque
com a filha.”
Há
em Lucy um cuidado com o pai que é comovente. Na escola ela aprende com muita
facilidade a ler mas quando percebe que o pai não consegue ler palavras
difíceis, ela sugere que voltem ao primeiro livro, na hora de dormir, quando o
pai lê historias toda noite para ela.
Assim,
o desenho que faz de si mesma na escola mostra Lucy (Dakota Fanning, uma graça)
enorme e feliz, de mãos dadas com um pai menor que ela.
Mas
a assistente social se preocupa com Lucy e quando Sam é preso por um mal
entendido, aparece a chance de questionar se ele pode ficar com a filha ou se é
melhor para ela ser adotada por uma boa família.
Entra
em cena Rita (Michelle Pfeiffer), que é uma advogada brilhante que não quer
fazer feio diante do pessoal do escritório dela e aceita defender Sam “pro
bono”, ou seja, de graça.
Mas
então há um dilema que o filme não discute em profundidade. Se por um lado Sam
se mostra à altura de educar Lucy e tem um amor irrestrito de pai para dar a
ela, atenção cuidadosa, tempo de dedicação e até mesmo esforço para ganhar mais
para que Lucy possa crescer saudável e amada, há um preconceito contra
ele. Haverá situações que ele não vai dar conta? Ele vai passar a ser um peso
para Lucy?
O
filme tem um final aberto e mesmo que a própria Lucy diga para os que querem
tirar ela do pai tão amado: “All I Need is Love!”, o público pode se imaginar
no lugar de Sam e Lucy e refletir sobre a melhor solução para eles.
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