“Ted Bundy
– A Irresistível Face do Mal”- “Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile”,
Estados Unidos, 2018
Direção:
Joe Berliner
Os
adjetivos que servem para descrever Theodore Robert Bundy parecem não
pertencer à mesma pessoa. Ele é bonito, charmoso, atraente, brilhante mas
também extremamente mau, chocantemente diabólico e vil. Também não tem remorsos
e nem sentimento de culpa pelos atos criminosos que cometeu. Fascinava suas
vítimas seduzindo com facilidade crianças, mulheres e homens.
E isso
acontece porque a personalidade de um psicopata apresenta uma dissociação que
faz ver sómente uma de suas faces, a que ele quer mostrar.
Muito se
discute entre os especialistas sobre como distinguir a psicopatia de outros
transtornos da personalidade, mas uma coisa é certa. Ele é uma pessoa que se
esconde atrás de uma máscara para ser aceito. A falsidade é uma característica
que não pode faltar. E tem que ser ousado ou seja, capaz de enfrentar riscos
que outra pessoa evitaria. Ele é audacioso.
Zac Efron
faz o personagem da vida real, Ted Bundy, com talento e compreensão do que
seria esse homem que ele interpreta na tela.
Lily
Collins é Liz Kendall que conhece Ted Bundy num bar de faculdade em 1969 e se
sente imediatamente atraída por ele e ele por ela.
Liz é
secretária e mãe solteira e tem uma vida monótona. Esse homem atraente que não
a trata como uma pessoa invisível, que é como ela se vê, vai ser sua perdição.
Inclusive
Liz vai ter muita dificuldade de aceitar que é ele mesmo, o homem dos seus
sonhos, o “serial killer” que finalmente é desmascarado.
Enquanto
estava com Liz, Ted continuou a ser ele mesmo, ou seja, um psicopata. O que
assusta e até confunde, é que ele não a maltratou e foi bom com a filha pequena
dela. Embora mentisse o tempo todo.
Pelo menos
ela não conta nada disso no livro que serve de base para o filme, escrito em
1981, “The Phantom Prince – My Life with Ted Bundy”.
Ted dizia
que a amava e queria sua presença nos julgamentos. Foi ela que se esquivou e
não atendia os telefonemas dele. Mas tinha que beber para sufocar a mágoa e até
poder não pensar que o sonho dela era o pesadelo de outras mulheres como ela.
Por que foi poupada?
Será que
esse lado carinhoso dele era falso também? Talvez esse lado de Ted era como um
oásis num imenso deserto. Era ele também. E aparecia com Liz. Ninguém é
totalmente mau.
Um
personagem real é o juiz interpretado com astúcia por John Malcovitch, que dá a
sentença final a Ted Bundy, lamentando o desperdício de humanidade, brilho e
inteligência na vida de Ted, que poderia ter sido um ótimo advogado mas
perdeu-se e seguiu por um caminho perverso e vil.
Talvez a
fascinação que ele exercia, e que é regra em todo psicopata, seja o
espelhamento de nossa parte perversa, controlada por um bom superego mas, ainda
assim, fascinada com a liberdade que essas pessoas tem de fazer o mal e se
deixar levar pelo prazer de dominar e matar.
O filme não
explora imagens chocantes mas avisa que essas pessoas estão entre nós.
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