sábado, 27 de julho de 2019

Ted Bundy - A Irresistível Face do Mal



“Ted Bundy – A Irresistível Face do Mal”- “Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile”, Estados Unidos, 2018
Direção: Joe Berliner

Os adjetivos que servem para descrever Theodore  Robert Bundy parecem não pertencer à mesma pessoa. Ele é bonito, charmoso, atraente, brilhante mas também extremamente mau, chocantemente diabólico e vil. Também não tem remorsos e nem sentimento de culpa pelos atos criminosos que cometeu. Fascinava suas vítimas seduzindo com facilidade crianças, mulheres e homens.
E isso acontece porque a personalidade de um psicopata apresenta uma dissociação que faz ver sómente uma de suas faces, a que ele quer mostrar. 
Muito se discute entre os especialistas sobre como distinguir a psicopatia de outros transtornos da personalidade, mas uma coisa é certa. Ele é uma pessoa que se esconde atrás de uma máscara para ser aceito. A falsidade é uma característica que não pode faltar. E tem que ser ousado ou seja, capaz de enfrentar riscos que outra pessoa evitaria. Ele é audacioso.
Zac Efron faz o personagem da vida real, Ted Bundy, com talento e compreensão do que seria esse homem que ele interpreta na tela.
Lily Collins é Liz Kendall que conhece Ted Bundy num bar de faculdade em 1969 e se sente imediatamente atraída por ele e ele por ela.
Liz é secretária e mãe solteira e tem uma vida monótona. Esse homem atraente que não a trata como uma pessoa invisível, que é como ela se vê, vai ser sua perdição.
Inclusive Liz vai ter muita dificuldade de aceitar que é ele mesmo, o homem dos seus sonhos, o “serial killer” que finalmente é desmascarado.
Enquanto estava com Liz, Ted continuou a ser ele mesmo, ou seja, um psicopata. O que assusta e até confunde, é que ele não a maltratou e foi bom com a filha pequena dela. Embora mentisse o tempo todo.
Pelo menos ela não conta nada disso no livro que serve de base para o filme, escrito em 1981, “The Phantom Prince – My Life with Ted Bundy”.
Ted dizia que a amava e queria sua presença nos julgamentos. Foi ela que se esquivou e não atendia os telefonemas dele. Mas tinha que beber para sufocar a mágoa e até poder não pensar que o sonho dela era o pesadelo de outras mulheres como ela. Por que foi poupada?
Será que esse lado carinhoso dele era falso também? Talvez esse lado de Ted era como um oásis num imenso deserto. Era ele também. E aparecia com Liz. Ninguém é totalmente mau.
Um personagem real é o juiz interpretado com astúcia por John Malcovitch, que dá a sentença final a Ted Bundy, lamentando o desperdício de humanidade, brilho e inteligência na vida de Ted, que poderia ter sido um ótimo advogado mas perdeu-se e seguiu por um caminho perverso e vil.
Talvez a fascinação que ele exercia, e que é regra em todo psicopata, seja o espelhamento de nossa parte perversa, controlada por um bom superego mas, ainda assim, fascinada com a liberdade que essas pessoas tem de fazer o mal e se deixar levar pelo prazer de dominar e matar.
O filme não explora imagens chocantes mas avisa que essas pessoas estão entre nós.


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