“Memórias Secretas”- “Remember”, Canadá, Alemanha, México,
África do Sul
Direção: Atom Egoyan
O Holocausto é um marco odioso da história da humanidade.
Sobreviver ao Holocausto e viver com a memória do que se viu, do medo terrível
que se sentiu e relembrar a perda de entes queridos, fazem da vida algo penoso.
Foi o que aconteceu a Max, um judeu idoso que vê Zev e Ruth
chegarem na casa de repouso onde ele mora há muito tempo.
Max (Martin Landau) tinha reconhecido Zev (Christopher
Plummer) assim que o vira. Tinham estado juntos no campo de concentração de
Auschwitz.
Ruth, mulher de Zev, não resistiu à terrível doença que
sofria, já terminal, quando chegou na casa. Quando ela morreu, Zev, que sofria
de demência senil, e que a amava muito, procurava por ela todas as manhãs. E
era algo triste ter que dar a notícia da morte dela ao marido que já tinha esquecido
de que ela havia partido.
Passados os dias de rezas por Ruth, Max chama Zev no seu
quarto e cobra o que ele lhe prometera quando conversaram sobre o assunto
Auschwitz. Era preciso punir com a morte o homem que matara a família de Max. E
Zev concordava porque sabia bem do que se tratava. Ele também matara a família
de Zev.
Max, confinado a uma cadeira de rodas e atado a um
reservatório de oxigênio, precisava do outro para que a vingança fosse bem
executada.
Sabendo da demência e de como Zev esquecia de tudo, Max
preparara uma carta onde explicava, item por item, o que Zev deveria fazer.
Havia feito também reservas em hotéis e providenciado carros para os traslados.
E claro, dinheiro em espécie para os gastos necessários.
Quando Zev consegue fugir da casa de repouso e pega o trem
estipulado na passagem já comprada por Max, este, sentado em seu quarto e perto
do telefone, segurava a ansiedade de saber o que estava acontecendo. Porque
nessa viagem Zev vai tentar achar o nazista odiado e vingar a família dos dois.
“Remember”, o título original em inglês, traduz melhor o
ponto central do filme. Levamos um susto no final surpreendente.
O roteiro, escrito por um novato, Benjamin August e a
direção segura, sem malabarismos de Atom Egoyan, nascido no Egito e radicado no
Canadá, acrescentam ainda mais brilho à interpretação de Christopher Plummer,
um ator que sabe convencer em todos os personagens que interpreta. O olhar
vazio, a preocupação com a arma comprada ao longo da viagem e a persistência em
conseguir o seu objetivo, nos envolvem com o personagem, em quem ficamos
pensando depois de ver o filme. Excelente.
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