Direção: Wes
Anderson
O diretor de
“Ilha dos Cachorros”, tem 49 anos e é formado em filosofia. Ganhou o Urso de
Prata em Berlim em 2014 com seu filme “O Grande Hotel Budapeste”. Em 2018 essa
sua animação inaugurou o Festival de Berlim e foi a primeira desse gênero a
abrir o evento famoso.
Wes Anderson
é conhecido por seus filmes originais, cheios de detalhes e com uma estética
própria e atraente.
No prólogo
de “Ilha dos Cachorros” é contado, através de um painel que imita os antigos de
laca japonesa, que antes da “Era da Obediência”, os cães eram livres. Só muito
depois é que se tornaram submissos a seus mestres.
Quando
passam os primeiros créditos, três garotos japoneses tocam tambores
vigorosamente. A música do filme é do mago dos sons, Alexandre Desplat. Tudo
vai acontecer no “Arquipélago japonês, no futuro, daqui a 20 anos. ”
Na cidade de
Megasaki, o prefeito Kobayashi, um tirano de maus bofes, discursa para a
população sobre o grande número de cães da cidade e do perigo da gripe canina
que pode contaminar seres humanos. Como solução, ele assina um decreto que
envia para a Ilha do Lixo todos os cães, domésticos e vira-latas.
Uma voz se
levanta contra essa ordem injusta. É um cientista:
“- O que vai
acontecer com o melhor amigo do homem? Em seis meses vamos conseguir
desenvolver um remédio para a gripe canina. ”
Mas o
prefeito não dá ouvidos a ele e, demagogicamente, diz que vai dar o
exemplo. O cão de guarda da Prefeitura será o primeiro a ser enviado naquele
dia ainda para a Ilha do Lixo.
Dito e
feito. Vemos Spots ser levado numa jaula fechada e lá abandonado. Só vão restar
seus ossos.
Seis meses
depois, só cães magros e famintos vagam por entre o lixo. E ficamos conhecendo
os personagens/cães que conversam tristemente sobre Buster, um cão que se
enforcou com a própria coleira.
Ao ouvir
isso, Chef, um vira-lata peludo, dá uma bronca geral:
“- Ninguém
aqui vai desistir de fugir. Somos cães alfa. Não fiquem falando como se fossem
cãezinhos amestrados. ”
E um
aviãozinho cai na ilha. É Atari, sobrinho adotado do prefeito que veio procurar
seu cão Spots.
Vai começar
uma aventura do menino de 12 anos e cinco cães que partem para descobrir o
paradeiro de Spots.
“Ilha dos
Cachorros” é uma fábula sobre valores éticos, lealdade, amizade, aceitação do
diferente e compaixão.
Podemos ler
no subtexto do roteiro, do diretor e Kunichi Nomura, críticas aos regimes
autoritários que fazem lavagem cerebral na população instigando o medo para se
livrar dos indesejáveis. As “fake news”. E claramente vemos essa ilha como um
campo de concentração, uma prisão para quem tem ideias diferentes dos donos do
poder, o fechamento de fronteiras aos imigrantes, a falta de ajuda aos doentes
e velhos.
Wes Anderson
escolheu atores e atrizes conhecidos para dar voz aos personagens como Liev
Schreiber, Frances McDormand, Bryan Cranston, Scarlett Johansson, Greta Gerwig
e Tilda Swinton. Até Yoko Ono tem uma participação especial.
“Ilha dos
Cachorros” envolve com a história, é bom entretenimento e a estética nova e
original dos desenhos faz uma alusão à arte contemporânea.
Não sei se
agradará ao grande público. Mas estou certa que encantará a quem aprecia a
inteligência, o talento e o humor típico de Wes Anderson.
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