terça-feira, 29 de maio de 2018

Tully




“Tully”- Idem, Estados Unidos, 2018
Direção: Jason Reitman

A visão da barriga imensa de Marlo descendo a escada da casa dela, assusta. Gravidíssima, ela não pode descansar porque dois filhos a esperam: Sarah de 8 anos e Jonah de 6, que sofre de um leve autismo ou é pelo menos hiperativo. Ele é um caso sem diagnóstico.
Marlo (Charlize Theron, excelente) não tem dinheiro para pagar uma terapia para o filho. Então, o escova todas as noites dos pés à cabeça. Disseram que seria bom para ele.
Percebemos que Marlo é uma boa mãe, carinhosa, dedicada mas fato é que ela está cansada. Últimos dias da gravidez, as crianças e todo o trabalho da casa. Exaustivo.
Quando o marido Drew (Ron Livinston) chega, o menu é pizza congelada. Foi o máximo que ela conseguiu.
Dia seguinte tudo recomeça. Mas vai ter que ir até a diretora da escola que quer conversar sobre Jonah. Depois de todas as frases corretas vem a verdade:
“- Marlo, não é justo. Jonah mobiliza a professora. Ele precisa da atenção total de uma pessoa junto a ele. E não temos essa pessoa. Vocês vão ter que pagar por ela. Ou tirar Jonah daqui. Tem muitas escolas melhores para ele. Você sabe. Ele é peculiar. ”
A vida de Marlo está pesada, em todos os sentidos. Ganhou muitos quilos com a gravidez, as crianças, especialmente Jonah dão trabalho e seu casamento está um tédio.
Quando vai visitar o irmão rico (Mark Duplass), ouve que vai ganhar um presente: uma babá noturna. Com ela em casa, Marlo vai poder descansar de noite, diz o irmão. Nem vai ter que levantar para amamentar, porque a babá traz o bebê para ela.
Mas Marlo não quer. Uma estranha cuidando do bebe? Nunca.
Mas o parto e a bebê Mia em casa acontecem rapidamente.
E Marlo entra numa rotina infernal. Fraldas, amamentações, ninar, cortar as unhas, banho e todo aquele choro alto dos recém nascidos. Ela joga a toalha. Percebe que vai ter um colapso e chama a babá.
Tully (Mackenzie Davis) é tudo de bom. Além de cuidar da bebê com um jeitinho maternal, limpa a casa, lava os pratos e prepara o café da manhã.
“- Por que a casa está tão limpa? ”estranha a filha Sarah.
A princípio Tully e Marlo se estudam, Marlo com um pé atrás. Mas ela, que veio cuidar do bebê, se ocupa também com a mãe.
As duas passam a conversar muito e rir juntas. Marlo, olhando o corpinho enxuto de Tully, lembra-se de sua própria juventude e reflete, agora que saiu da exaustão, sobre o que quer da vida.
A sereia serena nadando na água azul, passa a ser um sonho recorrente de Marlo, agora mais voltada para dentro de si mesma, querendo voltar a ser quem era.
“Tully” tem roteiro de Diablo Cody que escreve diálogos bem naturais e tem um humor levemente  ácido, além de uma boa imaginação para criar personagens. A dupla com o jovem diretor Jason Reitman já deu certo em “Juno”2007, que deu um Oscar de melhor roteiro para ela, e juntos também fizeram “Jovens Adultos”2011.
Em “Tully” acertaram novamente. Há uma reviravolta inesperada que dá originalidade à história contada e acena com esperanças.
Assim, o filme pode ser visto como um conto de fadas com varinha mágica e tudo mais, ou como um sonho ruim que descreve como fica uma mãe que enfrenta uma depressão pós parto, encontrando depois, nela mesma, a força e a coragem para seguir em frente com a vida que escolheu para viver.
Ótimo filme.


Um comentário:

  1. Vê-se que será um filme com uma história engraçada, cheia de amor e compreensão, que nos mostrará a realidade do que significa ser mãe. Eu acho que Mackenzie Davis foi uma boa escolha para ser Tully. Ela esta impecável no filme Blade Runner 2049. Na minha opinião, foi um dos melhores filmes ficção cientifica que foi lançado. O filme superou as minhas expectativas, o ritmo da historia nos captura a todo o momento. Além, acho que a sua participação neste filme drama realmente ajudou ao desenvolvimento da história.

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