“A Natureza
do Tempo”- “Em Attendant les Hirondelles”, França, Alemanha, Argélia, 2017
Direção:
Karim Moussaoui
A Argélia é
um país no norte da África, entre o mar Mediterrâneo e o deserto do Saara. A
região foi habitada pelos berberes desde pelo menos 10.000 AC. É uma terra que
foi alvo de conquista desde o Império Romano, passando pela colonização árabe
no século VIII, pelos Impérios Bizantino e Otomano, a Espanha e a colonização
francesa desde o século XIX até meados dos anos 60, no século passado. Fala-se
árabe e berbere (línguas oficiais) e francês (língua não oficial) por causa das
colonizações.
No fim do
século XX, o fundamentalismo religioso muçulmano levou o país à guerra civil em
1992, que massacrou milhares de pessoas e dividiu a população.
Depois de
tudo, a Argélia começa a se reorganizar. Mas é uma terra sofrida, com
cicatrizes ainda expostas e necessitando de paz e reconciliação. A harmonia
depende agora dos próprios habitantes do país, que deverão esquecer os
sofrimentos e vinganças para recuperar um tempo de paz.
Essa é a
metáfora por trás do título do filme. As andorinhas são esperadas. Trarão a
Primavera. Mas quando? Quando vai começar a mudança para tempos melhores?
Essa é a
mensagem que o diretor Karim Moussaoui quer passar, em seu primeiro longa,
contando três histórias que envolvem personagens que vivem esse desafio atual.
Na primeira,
um empresário, Mourad, visita sua primeira mulher. Os pais tentam persuadir o
filho a continuar seus estudos de Medicina mas ele só pensa em andar de moto
com os amigos.
No caminho
para casa, tarde da noite, Mourad assiste sem querer a algo terrível. Ele
hesita entre intervir e fugir, fingindo que não viu nada.
Essa atitude
de uma elite econômica para manter seus privilégios emperra a mudança tão
esperada pelo povo da Argélia? É uma das perguntas do diretor.
Na segunda história o motorista do empresário
Mourad pede uns dias de folga, para levar a uma cidade no sul, uma família de
vizinhos que vai casar a filha.
Vamos
descobrir um amor proibido que une a bela moça, que vai casar num casamento
arranjado e o modesto empregado de Mourad. Mas quando uma intoxicação alimentar
leva ao hospital toda a família da moça, os dois jovens vão ter momentos só
para eles.
Ficam juntos
e passeiam pelas redondezas do hotel em que se hospedam por uma noite. Vemos
belas montanhas ao longe, cercando um vale de areia, com trechos escondidos onde
crescem tamareiras e romãs.
E assistimos
a uma linda cena na qual a moça bela dança para aquele que poderia ser o amor
de sua vida.
Na terceira
história há uma lembrança terrível do tempo da guerra civil. Um médico bem
intencionado é acusado de um crime hediondo.
O que fazer
para recuperar a confiança e a harmonia entre essa gente ferida por episódios
tristes em suas vidas?
O jovem
diretor Karim Moussaoui sugere, com esperança, que gestos de aproximação entre
as pessoas talvez sejam o início de uma saída para os esperados tempos de
renovação de que Argélia tanto necessita.
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