sábado, 12 de maio de 2018

Esplendor




“Esplendor”- “Hikari”, Japão, França, 2017
Direção: Naomi Kawase

O sentido da visão é não só importante para a nossa sobrevivência, como também é vital para podermos apreciar a beleza, a arte e o cinema.
O filme da diretora japonesa Naomi Kawase, 48 anos, conhecida no Brasil por “O Segredo das Águas” de 2014 e “O Sabor da Vida” de 2015, tem como título a palavra “Hikari” que quer dizer luz. Visão e luz são essenciais para o cinema.
Mas, nesse filme, a diretora escreveu um roteiro que mostra uma profissão original e tão importante para quem não pode ver e gosta de cinema. Misako (Ayame Misaki) é tradutora de imagens de filmes para pessoas com deficiência visual. Ela busca palavras para passar o máximo de detalhes que, sendo visuais, essas pessoas tem que captar através do que ela fala.
Misako é muito atenta e responsável. Porém talvez ainda não se deu conta do quão complicado é o que faz. Sempre apresenta seu trabalho para um grupo de pessoas que precisa dessa tradução e que pode opinar sobre o trabalho de Misako, que sempre aceita as sugestões.
Uma dessas pessoas do grupo para quem Misako lê sua tradução pela primeira vez, enquanto passa o filme, é um fotógrafo famoso  que está perdendo a visão, Nakamori (Masatoshi Nagase). Deprimido e cheio de raiva, ele não se conforma com o que está acontecendo com ele.
Nakamori critica duramente uma frase que Misako colocou na cena final do filme que assistiam, que mostra um velho subindo com dificuldade uma duna de areia, onde o sol está se pondo. Ela coloca a palavra “esperança” para descrever o olhar do velho homem.
O fotógrafo critica a escolha da palavra e diz que ela inventa e destorce o que o filme quer passar com aquela cena final.
Misako não aceita a crítica e o acusa de não fazer uso de sua imaginação.
A partir desse desentendimento, Misako, que é muito jovem, vai aprender mais sobre a vida. Ela vai entrevistar o ator e diretor (Tatsuya Fuji de “O Império dos Sentidos” de Nagisa Oshima) do filme que provocou a crítica mal recebida por ela.
E se surpreende com as palavras dele.
Passa a colocar-se no lugar do fotógrafo, fazendo percursos com os olhos fechados. E percebe o quanto assustador e difícil é o estado de cegueira.
Começa a refletir também sobre a perda, o luto e o medo da morte.
Ao mesmo tempo, descobre no livro de Nakamori uma foto que traz lembranças de sua infância.
A aproximação entre o fotógrafo e a tradutora vai ajudar a ambos na aceitação dos maus momentos da vida, das perdas, dos enganos, das frustrações e das tragédias.
Um filme delicado, belo e que nos faz pensar sobre o que temos de mais importante, o dom da vida.


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