Direção:
Ridley Scott
O diretor
britânico Ridley Scott tem no currículo filmes inesquecíveis como “Alien”1979,
“Blade Runner”1982, “Thelma e Louise”1991, “Perdido em Marte”2015, entre
outros. No ano passado completou 80 anos e enfrentou um problema não imaginável
antes dos eventos marcados por manifestações contra o assédio sexual.
Ora, Kevin
Spacey, apontado como um dos figurantes da lista negra, era o ator principal do
novo filme de Scott, “Todo o Dinheiro do Mundo”, interpretando o bilionário J.
P. Getty que, aos 80 anos, tem o neto mais velho sequestrado na Itália e
recusa-se a pagar o resgate, mesmo sendo o homem mais rico do mundo.
O diretor
foi rápido. Chamou o talentoso Christopher Plummer, 88 anos e, um mês antes do
lançamento, refilmou todas as cenas. Foi um acerto a mais na vida desses dois
octogenários. A única indicação para o Oscar do filme foi a de de melhor ator
coadjuvante para Plummer, mostrando o faro indiscutível de Ridley Scott.
“Todo o
Dinheiro do Mundo” conta o que foi um dos sequestros mais conhecidos do século
XX, em 1973, nas ruas de uma Roma que vivia momentos de festa e liberdade
de costumes. Jean Paul Getty III (Charlie Plummer, sem parentesco com
Christopher), de 16 anos, é forçado
a entrar
numa Kombi velha e é levado por bandidos sujos e primitivos para a Calábria,
sul da Itália. Pedem 17 milhões de dólares como resgate.
E o homem
que era o mais rico da história do mundo nega-se a pagar um centavo, fazendo
até uma piada com isso e seus 14 netos. No começo, todos pensavam que tudo não
passava de uma brincadeira ou até de um modo de tirar dinheiro do avô,
imaginado pelo próprio neto.
Mas, conforme
o sequestro se alonga por meses, e a mãe de Paul (uma impecável Michelle
Williams), divorciada do filho do velho Getty (Andrew Buchan), um homem
drogado, luta para conseguir o dinheiro que ela não tem, com a ajuda de
Fletcher Chace (Mark Wahlberg, apagado no papel), luzes sombrias focam a
personalidade do avô.
Um
colecionador de beleza, ele encontrava mais prazer com as peças únicas que
comprava do que com a convivência com outros seres humanos. Na mansão palaciana
de Londres, quadros de mestres renomados que valiam fortunas, esculturas gregas
e romanas, faziam companhia para o velho arrogante e solitário. Enormes
lareiras, sempre acesas, tentavam aquecer o lugar gelado e seu frio habitante.
Mas nada é
para sempre. Nem ninguém. O desfecho da história é conhecido.
E Ridley
Scott demonstra mais uma vez, nesse suspense doloroso, o que o dinheiro não
pode comprar. Uma fábula moral a ser relembrada no século XXI.
Nenhum comentário:
Postar um comentário