“Me Chame pelo seu Nome”- “Call Me By Your Name”,
Itália, 2017
Direção: Luca Guadagnino
Estátuas de bronze muito antigas desfilam na tela
junto aos créditos iniciais, mostrando em suas curvas o talento do escultor e a
beleza dos corpos masculinos.
Quando Oliver (Armie Hammer) chega naquela vila
italiana de janelas verdes e belos jardins, decorada com um conforto de anos
por gerações de pessoas de bom gosto, ele não sabe que vai viver uma história
de amor.
Alto, corpo atlético, feições atraentes, ele se
parece com as estátuas que seu professor de arte e cultura greco-romana (Michael
Stuhlbarg), o dono da casa, encontra mergulhadas há séculos no Lago de Garda,
próximo à vila.
O filho do professor, Elio (Timothée Chalamet)
vai ter que ceder seu quarto para o hóspede e dividir o banheiro com ele. A
antipatia que o garoto sente por ele, transforma-se em algo que ele não sabe
bem o que é, desde o primeiro encontro, quase um esbarrão no corredor.
Elio,17 anos, é magro, olhos claros, cabelos
encaracolados, tal um efebo grego. Toca piano, violão, compõe e tem uma relação
íntima e amorosa com seus pais.
Estamos no verão de 1983 e os dias são quentes
e ensolarados no norte da Itália, onde a natureza mostra seus verdes brilhantes,
águas transparentes e refrescantes.
No pomar da casa há damascos maduros espalhando
perfumes no ar quente, convite para um mergulho na piscina de pedras antigas ou
no rio, próximo da casa.
Na mesa colocada no jardim, as refeições são
acompanhadas de discussões sobre política e conversas inteligentes sobre arte,
que é o campo de trabalho do professor e do hóspede, seu aluno.
Há um vai e vem de garotas de bicicleta em seus
vestidos leves e shorts de verão. À noite dançam na praça da cidadezinha, num
palco iluminado.
E Elio vira e revira -se em sua cama. Não
consegue dormir. Sua libido adolescente deixa-o em brasas.
Mas Luca Guadagnino, o diretor, herdeiro
espiritual de Visconti, quer mostrar um sentimento,
uma atração intensa que envolve Elio e Oliver. Não é apenas sexo. Há uma
crescente aproximação entre os dois, que se buscam, se esquivam mas finalmente
se entregam com doçura, um ao outro.
“- Me chama pelo seu nome que eu chamo você
pelo meu”, pede Oliver a Elio.
Aqueles dois tornam-se um mesmo desejo.
Quando Elio repara na estrela de Davi que
Oliver usa no pescoço, no dia seguinte aparece com a dele. São judeus os dois e
isso é algo mais que os une.
Extraordinários atores, eles nos envolvem com
seus personagens, jeito de brincar, de amar, de obedecer ao sentimento
imperativo que os aproxima.
Baseado no livro de mesmo nome de André Aciman,
o filme tem roteiro do lendário James Ivory.
“Me Chame Pelo Seu Nome” vai ganhando fama e
tornando-se um dos favoritos para a lista de melhores filmes do ano.
Luca Guadagnino fez um filme doce e amargo, com
um final comovente e uma rara e admirável conversa entre pai e filho.
Pode não agradar ao público mais conservador
mas vai conquistar quem não tem esse tipo de preconceito.
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