“Nossas Noites”- “Our Souls
at Night”, Estados Unidos, 2017
Direção: Ritesh Batra
Apesar de continuar achando
que o melhor lugar para ver um bom filme é o cinema, tenho que admitir que os
tempos mudaram e que as pessoas tem mais dificuldade de locomoção numa grande
cidade. Ou mesmo que haja lugares no Brasil onde só passam “blockbusters”, de
ação e violentos, mais para um público jovem.
E um bom filme é sempre uma
alternativa para a mesmice dos programas de televisão.
Quando postei uma dica de
filme da Netflix, “Nossas Noites”, na minha página do Face, surpreendeu-me o
número de pessoas atingidas e os muitos comentários. E neles, vários pediam que
eu continuasse a indicar os bons filmes da Netflix.
Curvo-me a esses pedidos e
começo justamente com a resenha do filme que agradou a tantos. Vai para o meu
blog.
Jane Fonda, 79 e Robert
Redford, 81, causaram alvoroço no Festival de Veneza desse ano quando o filme
foi lançado fora de competição. Não é de se admirar porque ambos são estrelas
de primeiríssima grandeza, com vários Oscars cada um deles e fizeram sucesso
como dupla em “Caçada Humana” de 1966, “Descalços no Parque” de 1967 e “O
Cavaleiro Elétrico” de 1979 mas já não apareciam juntos há quase 40 anos.
E acertaram em cheio. A dupla
foi elogiadíssima. Talvez porque há uma demanda especial, hoje em dia, para
filmes charmosos com atores de mais idade. Tenho visto alguns no cinema, sempre
com sucesso de público.
Pessoas mais velhas gostam de
se ver retratadas não como velhinhos que as pessoas tratam como se fossem
crianças, um hábito detestável, mas como alguém que pode ainda viver uma vida
interessante.
Aliás o forte em “Nossas
Noites” não é o romance. O ponto principal é a solidão e o quanto tudo muda
quando se encontra alguém para conversar. E quando esse alguém é atraente como
são Jane Fonda e Robert Redford, a coisa fica perfeita.
Vizinhos há muito tempo, numa
cidade pequena, é só quando Addie e Louis chegam nos 80, ambos viúvos, é que a
história acontece. Com toda a experiência de uma vida e um temperamento mais
extrovertido, Addie sabe que o tempo voa. Então vai direto ao ponto. Convida Louis
para dormir na casa dela, explicando que a noite é para ela a pior parte do
dia. Quer conversar, trocar ideias, travesseiro com travesseiro.
Ele, mais tímido, parece meio
escandalizado e é delicioso o momento em que atravessa a rua com um saco de
papel que esconde um pijama e entra pela porta dos fundos da casa dela.
Tem gente que achou o filme
fraco. Outros não gostaram do final. Mas a maioria gostou de tudo. Porque não
podemos esquecer que o filme se dirige justamente a uma classe de pessoas que
são mais conservadoras, que gosta de ver na tela pessoas como eles mesmos, que
valorizam a boa companhia mas que também se preocupam com os filhos e netos,
principalmente as mulheres, que sentem prazer em cuidar da família.
O livro que foi adaptado foi
escrito por Kent Haruf e o filme é dirigido pelo indiano Ritesh Batra
(“Lunchbox”2013), que fez um bom trabalho, delicado e leve.
Penso que “Nossas Vidas” será
lembrado como o maior sucesso da dupla Jane Fonda e Robert Redford. Aliás,
produzido por esse último, homem belo e inteligente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário