domingo, 7 de maio de 2017

A Filha



“A Filha”- “The Daughter”, Austrália, 2015
Direção: Simon Stone

Histórias que contam dramas e segredos envolvem sempre a nossa curiosidade. É o caso do filme “A Filha”, do jovem e estreante diretor em longas, Simon Stone, 32 anos, que veio do teatro e adaptou a peça do famoso autor norueguês, Henrik Ibsen (1828-1906), “O Pato Selvagem”, trazida para os tempos atuais.
A ação é deslocada para uma cidadezinha australiana, que em tudo depende da madeireira local, que acaba de fechar suas portas, devido à crise econômica, deixando todos na cidade sem emprego e obrigados a procurar trabalho em outro lugar.
Aparentemente alheio ao drama dos habitantes da cidadezinha, o dono da madeireira Henry (Geoffrey Rush), patriarca de uma rica família que gerenciava por 100 anos o negócio, vai se casar com a governanta da casa, Anna (Anna Tory), que tem idade para ser sua filha.
Seu único filho Christian (Paul Schneider) vem para o casamento, deixando a mulher nos Estados Unidos, onde vivem. O casamento parece que não vai bem e Christian, além de problemas com a bebida, sofre com feridas na alma, não cicatrizadas desde o suicídio de sua mãe.
Ele reencontra seu antigo colega de escola e melhor amigo Oliver (Ewen Leslie) bem casado com Charlotte (Miranda Otto). O casal tem uma filha adolescente inteligente e amorosa, Hedvig (Odessa Young).
O pai de Oliver, Walter (Sam Neil) havia sido sócio de Henry na madeireira. Algo grave acontecera mas só ele tinha sido preso na época. Parece que depois eles tinham se entendido e acertado uma pensão para a família de Walter.
O avô de Hedvig, uma menina bonita de cabelos louros pintados de um leve rosado, construíra um santuário onde cuidava de animais feridos. O último a chegar foi um pato selvagem que Henry atingira na asa com um tiro. Salvo por um erro de pontaria, o pobre não conseguia voar.
Esse pato selvagem vai servir como metáfora para os personagens atingidos por erros dos outros. Mas também vai ser uma imagem de esperança de vida e recuperação.
Todos apresentados, ocorre o drama central. Aquele que é o personagem mais infeliz, hipocritamente trará à tona um velho segredo que vai fazer a infelicidade geral.
Alguém, movido apenas pelo ressentimento e inveja, vai usar a verdade como uma arma para ferir a todos. E o personagem mais inocente é o que vai ser atingido mais cruelmente.
“A Filha” é bem dirigido, as locações tem belas paisagens bem fotografadas por Andrew Commis e o elenco, de primeira linha, convence na representação desse drama.
E a moral dessa história é que a verdade nem sempre traz felicidade. Muitas vezes é melhor deixar que ela fique enterrada e esquecida.
É cinemão. Mas de qualidade e bom gosto.





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