Direção: John Wells
Ele tinha sido um ótimo “chef” de cozinha. É o próprio
Adam Jones (Bradley Cooper) quem conta isso para o público, em
“off”:
“- Jean Luc foi o meu mentor. O cara que me ensinou
tudo. Como um jovem “chef”, eu tentei... Eu era bom. Certas noites eu fui tão
bom quanto eu mesmo achava que eu era... Pelo menos é o que dizem. Daí, destruí
tudo.”
Ele tinha conseguido duas estrelas no Michelin, em
Paris. Mas seu passado conturbado, que se adivinha aqui e ali, o levava a um
comportamento auto-destrutivo. Drogas, envolvimento com traficantes e
álcool.
A penitência foi abrir um milhão de
ostras.
Ele vai para Londres e tem a intenção de tentar outra
vez. Diz que não se lembra do que aprontou durante os surtos com as drogas.
Parece que tem muita coisa que precisa ser esquecida ou perdoada. E muito
dinheiro que ele deve para o pessoal das drogas.
Remonta sua equipe de Paris (Omar Sy). Até na cadeia vai
buscar um deles (Riccardo Scamarcio). E convida Hélène, uma sub-chefe de um
restaurante chic para trabalhar com ele.
Para um outro, ele pergunta:
“- Quanto você me pagaria para trabalhar
comigo?”
Ele é assim. Arrogante, malcriado mas tem um charme
irresistível, olhos muito claros e sabe cozinhar com
criatividade.
Quando marca um encontro com Hélène no BurgerKing, ela
estranha e ele diz:
“- Esqueceu de quem ganha salário mínimo? A comida aqui
é para a classe trabalhadora. São camponeses fazendo comida para camponeses”,
aponta irônico e mordaz.
Ele marcou um ponto e sabe disso mas ela também é dura
na queda e responde:
“- Sr Jones, estou feliz no meu emprego. Boa
sorte.”
Esses dois são teimosos mas ela acaba cedendo e ele
sonha com a terceira estrela para o restaurante de Jean Luc, que ele está
comandando e onde Tony (Daniel Bruhl), o maitre, é apaixonado por
ele.
O “chef” é temperamental como uma diva de ópera e joga
fora tudo que ele acha que não está à altura. É o jeito dele. Comanda a cozinha
aos berros e atira coisas nas pessoas.
Mas filmes com “chefs” e comida, são geralmente
agradáveis de se ver. E esse filme é um deles.
O roteiro é previsível mas o ponto forte é a cozinha do
restaurante. Impressionante como Cooper lida bem com tudo aquilo. Ele contou
numa entrevista que foi aprendiz de cozinheiro aos 18
anos:
“- Eu me sinto muito confortável numa cozinha, o que foi
uma grande coisa. Acho que ajudou porque não tínhamos dublês para cozinhar.
Fazíamos tudo.”
A cor dos ingredientes, a montagem dos pratos, o ritmo
de preparo de tudo com cuidado, carinho, arte. É fascinante. E a fotografia do
brasileiro Adriano Goldman foi fundamental nessa parte.
Depois de “O Lado Bom da Vida”, “Trapaça” e “Sniper
Americano” será que Bradley Cooper pode conseguir outra indicação para o Oscar
com esse filme?
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