sábado, 12 de setembro de 2015

Ricki and The Flash - De Volta para Casa


“Ricki and The Flash – De Volta para Casa”- “Ricki and The Flash”, Estados Unidos, 2015
Direção: Jonathan Demme


Um rosto enche a tela.
É Meryl Streep, a multifacetada atriz, fazendo Ricki, a roqueira de trancinhas do lado, cabelo comprido e unhas prateadas, sob uma luz azul neon. Ela, na guitarra e vocalista, comanda a banda The Flash.Todos os integrantes passados dos 60.
Eles tocam e ela canta “American Girl” e é aplaudida pelo pessoal num bar da Califórnia.
“- Eu adoro você, Ricki!” grita o barman.
“- Essa foi a “American Girl” de 77 e me orgulho de ser uma, nascida no melhor país do mundo! Somos a banda que está nessa casa desde 2008, o ano em que elegemos vocês sabem quem...” e faz uma careta.
Pronto. Apaga-se Meryl e passamos a ver Ricki Rendazzo, de carne e osso, forte, encrenqueira, mulher de opinião própria e irreverente.
Só que, para ser como ela é, teve que abdicar de muita coisa. Para ser livre e ter o palco no centro de sua vida, deixou muita gente de lado.
Linda Brummel abandonou marido e três filhos para levar a vida que escolheu.
E Greg (Ricky Springfield), seu braço direito na banda, não tem o reconhecimento do lugar afetivo que ocupa na vida dela. E se ressente com isso.
Quando o celular toca e ela ouve a voz do ex (Kevin Kline) pedindo que venha ver Julie (Mamie Gummer, a própria filha da atriz) que está péssima porque foi abandonada pelo marido, ela sabe que não vai poder ignorar o chamado, do outro lado do país.
Mas a volta para o mundo que ela deixou não é uma coisa simples.
É aqui que o roteiro de Diablo Cody (Oscar por “Juno”2007) mostra a que veio, discutindo o porquê de uma mulher ser censurada por deixar os filhos para seguir uma carreira e o mesmo não ser cobrado dos homens. Mas são apenas tintas feministas, rodeadas de tiradas clichês, sobre a vida burguesa versus o desprendimento e o charme  da vida boêmia, num filme para divertir e a plateia admirar a versatilidade de Meryl Streep.
Bem, uma boa dose de egoísmo é necessária para a sobrevivência, disse Freud, mas, no caso de Ricki, a auto-complacência se alia a um egoísmo gigante. E ela vai se deparar com acontecimentos que vão mexer com ela.
O filme, dirigido pelo também oscarizado Jonathan Demme, 71 anos (“Silêncio dos Inocentes”1991), é aquilo que é: uma oportunidade de ver uma excelente atriz metamorfosear-se no que ela também pode ser e já mostrou em “Mamma Mia!”, em 2008. É uma ótima cantora.

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