Direção: Baltasar Kormákur
Por que será que homens e mulheres arriscam a própria
vida em aventuras loucas? Talvez seja para tentar aumentar os limites humanos,
como no passado iam em busca de novas terras. Mas, se a razão for apenas a de
reassegurar-se de sua superioridade sobre os outros, o preço a pagar é muito
alto.
Em 1996, uma tragédia aconteceu no monte Evereste, o
mais alto do mundo. Doze alpinistas perderam a vida, quando uma terrível
tempestade abateu-se sobre o cume, sem anúncio prévio, e eles foram pegos quando
ainda no alto.
No filme “Evereste” que conta o fato, tudo começa quando
o neo-zelandês Rob Hall (Jason Clarke) embarca para Katmandu, no Nepal, para
guiar uma expedição de pessoas que pagaram pequenas fortunas para serem levados
ao cume do Evereste.
Situado na chamada “Zona da Morte”, acima dos 8.000 m, o
ar lá é tão rarefeito que há necessidade de respirar com máscaras ligadas a
tubos de oxigênio. Não é um lugar feito para seres
humanos.
Rob parte preocupado por deixar Jan (Keira Nightley),
sua mulher, grávida de sete meses. Mas ele espera voltar a tempo de ver o bebê
nascer.
Naquele maio de 1996, duas expedições (a “Adventurers
Consultant” do neo-zelandês Rob Hall e a “Mountain Madness” do americano Scott
Fisher, interpretado por Jake Gyllenhaal) juntaram suas forças para levar homens
e uma mulher para cima da montanha. Usariam as mesmas cordas e escadas de
alumínio lançadas sobre abismos, colocadas previamente pelos xerpas, população
local que conhece a montanha e a respeita.
No “Campo Base”, a mais de 5.000 m de altura, os
aventureiros chegam para aclimatar-se e treinar em três escaladas e ouvem a
médica alertar para os perigos mortais do ar rarefeito: o edema cerebral e
pulmonar que levam à morte, a hipóxia que enlouquece, a disenteria que
enfraquece. Ao primeiro sintoma, descer é a única saída
possível.
E Scott ouve de um guia experimentado algo
sério:
“- Não gosto dessa multidão aqui... Muita
competição.”
E realmente vemos muitas tendas abrigando uma boa
quantidade de pessoas, mostrando a fama que se espalhava em torno aos que
conseguiam subir o Evereste.
“- A competição não é entre pessoas”, diz o guia, “ é
entre você e a montanha. E ela tem sempre a última
palavra.”
O filme, dirigido pelo islandês Baltasar Kormákur, é
impressionante. Voos belíssimos sobre pedras negras pontiagudas e o branco
imaculado da neve virgem. Dias de céu azul e sol e outros escuros, neblina densa
e vento gélido e cortante. Homens diminutos entre blocos de gelo maiores do que
prédios.
O elenco é de atores competentes como Josh Brolin, Robin
Wright, Emily Watson, John Hawkes, Michael Kelly e outros já citados. Alguns
acharam que o roteiro não deu profundidade aos personagens. Mas talvez o
interesse maior foi o de mostrar o desafio que a montanha representa e avisar
que muitas variáveis estão em jogo quando se enfrenta a natureza. E que nem
sempre acontece o planejado.
“Evereste”, principalmente em IMAX e 3D, nos leva ao
teto do mundo, sem riscos mas com muita emoção.
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